Mais de seis décadas separam o candidato a prefeito mais novo e o mais idoso da Bahia nas eleições deste ano.
O universitário Breno Malta (PMDB), 21 anos, concorrerá à prefeitura de Santa Brígida, na divisa com Sergipe, enquanto o agricultor João Cardoso (PSB), 84, disputará o comando da cidade de João Dourado, no norte do estado. Mas, ambos fazem parte de uma raridade no cenário da sucessão municipal.
Dentre os mais de mil candidatos a prefeito na Bahia, apenas sete têm menos de 24 anos e somente três são octogenários. De acordo com dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a maioria dos que vão disputar uma prefeitura no estado, em torno de 36%, está na faixa que vai dos 45 a 59 anos, seguido pelo grupo entre 35 e 44 anos (32%).
Candidato em Jussara, na microrregião de Irecê, o advogado Taciano Mendes (PMDB), 24, diz se sentir preparado para assumir a vaga. Segundo ele, a formação acadêmica e o envolvimento com a política desde cedo o capacitaram para o cargo.
“Cresci no meio político”, afirma o advogado, que não se sente ameaçado pela experiência dos dois outros candidatos do município, ambos na faixa dos 40 anos. “Eles me chamam de imaturo, mas não fico acanhado em enfrentá-los”, diz Breno
Siglas
Taciano pertence ao PMDB, sigla que mais emplacou candidatos mais jovens na Bahia, com três nomes. Empatado com o PSB, o partido lidera a lista das legendas com maior número de prefeituráveis de 21 a 24 anos no Brasil, num universo de 90 nomes. A cada dez com menos de 24 anos, um é do PMDB ou do PSB.
Já os candidatos de maior idade apostam na proximidade com a população. “Eles já me conhecem, sabem se sou bom ou não”, diz Rosalio Souza da Hora (PR), 80, candidato a prefeito de São Felipe, no Recôncavo. Mas, apesar de já ter governado o município baiano em duas ocasiões - de 1971 a 1972 e de 2000 a 2008 - o candidato afirma não ter grande domínio sobre a política. “Não tenho uma cultura, um conhecimento”.
Rosalio destaca, no entanto, que a experiência de viver 80 anos em São Felipe o ajudou a compreender as dificuldades da população. “Vejo o que o povo passa”, diz Rosalio, que já foi agricultor, caminhoneiro e, atualmente, é um dos maiores produtores de cachaça da região.
‘Douradismo’
Entre os idosos, há os que apostem na força do sobrenome. No caso do município de João Dourado, ele não é só forte, é também multiplicado. Lá, o agricultor João Cardoso Dourado é neto do coronel João Dourado, fundador da cidade. Mas, como Dourado é uma marca política na cidade, terá que encarar um parente: o atual prefeito Rui Dourado (PMDB), 43 anos.
Porém, não é só no sobrenome que o Dourado mais idoso da disputa familiar se apoia. O agricultor aposta na experiência de três mandatos como prefeito. De acordo com o comando de campanha do candidato do PSB, ele não pode dar entrevista por telefone por dificuldades relativas à idade.
Sem a experiência dos veteranos, o candidato Anderson Rodrigues (Psol), 21, vai disputar a prefeitura de Seabra, na Chapada Diamantina. Ele se considera uma “alternativa” ao que chama de “antigo coronelismo”. “Não queria me candidatar. Fui obrigado”, afirma. O prefeiturável diz sentir boa receptividade do eleitorado mais novo. “Os jovens veem minha candidatura como um ato de protesto”.
No entanto, duas coisas unem os candidatos a prefeito mais jovens e mais idosos na Bahia: a predominância de homens. A regra só é quebrada em Jitaúna, Sul do estado. Lá, Patricia Santos (PP), 23, terá dois rivais 20 anos mais velhos. No Brasil, a predominância se repete. 83,5% dos candidatos a prefeito com menos de 24 anos são homens e todos com mais de 79 anos pertencem ao gênero masculino. (Pesquisa: Correio).
Do Portal Interior da Bahia
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