Estudante brasileira de escola pública ganha bolsa integral em faculdade nos Estados Unidos | Foto: Arquivo Pessoal
A jovem Malu Bustamante Junco Mendonça, de 18 anos, estudante da Escola Estadual Mário Goulart Santiago em Pedralva (MG), conquistou uma bolsa de estudos integral com o valor de cerca de R$ 2 milhões paga pela Fundação Bill e Melinda Gates, para estudar nos Estados Unidos. Ela deve viajar para o país em agosto do ano que vem.
Durante quatro anos, Malu vai estudar gestão científica, curso que inclui formação em ciência, economia e habilidades gerenciais. A bolsa vai custear as mensalidades na faculdade Claremont Mckenna, que fica na cidade de Claremont, no estado da Califórnia, nos Estados Unidos, além das despesas com estadia, seguro saúde e alimentação.
Filha de comerciantes e estudante da rede pública de ensino de Pedralva, cidade sul-mineira com aproximadamente 11 mil habitantes, Malu acreditava que estudar no exterior seria um sonho muito distante da sua realidade. Até que em 2021 resolveu arriscar e começou a se dedicar aos estudos e a projetos educativos, para que conseguisse se candidatar à bolsa em novembro de 2022.
“Era uma ideia completamente diferente na minha escola, que fugia muito da minha realidade. As faculdades lá são extremamente caras e com certeza minha família não teria condições de pagar meus estudos e me manter por lá. Eu decidi aplicar para o exterior, mas não conhecia ninguém ao meu redor que tivesse passado por esse processo”, disse.
A preparação para a bolsa exigiu muito empenho e autoconhecimento, mas o histórico da estudante colaborou muito. Malu conta que foi uma boa aluna na escola, aprendeu inglês sozinha, e sempre teve curiosidade pelo conhecimento, pela ciência e pelas novas tecnologias.
“Nos Estados Unidos eles levam muito em conta não só os aspectos acadêmicos, como a capacidade de causar impacto na sociedade através das suas paixões. Por isso acabei deixando as apostilas de lado e passei a adquirir conhecimento através de livros, conversas e documentários que me ajudaram a me engajar profundamente na educação.”
Além disso, a estudante que se considera encantada por assuntos científicos, também criou um canal de divulgação científica em um aplicativo de vídeos curtos para falar sobre o tema de forma simplificada. Ela também se envolveu em projetos com objetivo de incentivar e dar suporte para que mais jovens se envolvessem com a ciência.
A Fundação Bill e Melinda Gates, criada pelo fundador da Microsoft, foi a responsável por fornecer a bolsa para a aluna, com o valor de cerca de R$ 2 milhões. Em nota, a fundação declarou que a bolsa é dada apenas para alunos excepcionais, e no ano passado apenas 11% dos candidatos receberam o benefício.
“Estudantes apaixonados por ciência e liderança são elegíveis para uma bolsa de estudos interdisciplinar de ciências. Este programa é destinado a estudantes interessados em explorar uma especialização […] A bolsa cobre a mensalidade integral e está disponível para estudantes com necessidades financeiras comprovadas”, explicou a fundação.
A notícia da aprovação veio em 15 de dezembro, um dia antes da formatura do Ensino Médio da estudante.
”Eu tinha certeza que seria rejeitada, quando abri a carta e vi que tinha recebido uma bolsa tão concorrida disparei a chorar e pular de felicidade. Minha família ficou extremamente feliz junto comigo. No dia seguinte fizeram uma homenagem para mim na minha formatura, eu realmente não esperava tanto carinho e apoio”, completou.
Estudante brasileira de escola pública ganha bolsa integral em faculdade nos Estados Unidos | Foto: Arquivo Pessoal
Próximos passos
O ano letivo nos Estados Unidos tem início em agosto, por isso a jovem desembarca no país apenas em 2023. A estudante vai morar no campus da faculdade, como fazem a maioria dos alunos. A expectativa é de que ela receba mais informações sobre a estadia e as aulas no início do ano que vem.
“Em maio receberei mais informações sobre minha colega de quarto e quais aulas poderei me inscrever nesse primeiro ano. De agora em diante continuarei atuando em projetos científicos e educacionais para que no futuro mais jovens possam ter acesso a essa mesma oportunidade que estou tendo e quero contribuir para melhorar o ensino público brasileiro”, comentou.
Malu está ansiosa para os próximos passos, e por tirar do papel o sonho de estudar fora. Segundo ela, sua meta é aproveitar ao máximo as novas vivências e o aprendizado que terá.
“Espero poder trazer novas ideias dessa experiência e levar a nossa história na ciência para além das fronteiras”, finalizou.
Do Portal NS/Por g1 Sul de Minas