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quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Projeto de reeleição faz Dilma Rousseff virar um poço de mágoas dos petistas

Na busca desesperada da reeleição, a presidente Dilma Rousseff está se transformando numa figura caricata, que tem um encontro marcado com o ostracismo.

Vem forçando a barra para ser candidata, embora o PT a rejeite flagrantemente e o apoio a seu nome se limite a meia dúzia de ministros que serão defenestrados na hipótese de um novo governo Lula, como o casal Paulo Bernardo e Gleisi Hoffmann, Ideli Salvatti, Miriam Belchior e Aloizio Mercadante.

Desde que Lula optou pelo nome de Dilma Rousseff para disputar a eleição em 2010, ficara implícito que ele voltaria em 2014. Justamente por isso, escolhera um poste, ao invés de um político profissional, como Mercadante, Tarso Genro, Eduardo Suplicy e outros que se insinuavam como pré-candidatos, e qualquer um dele teria ganho a eleição até com mais facilidade do que Dilma.

Se Lula optasse por um desses profissionais da política, não poderia voltar em 2014, por óbvio. Teria de esperar até 2018, e isso ele não aceitava em hipótese alguma. Aí, entronizou Dilma e lutou pela eleição dela com todas as forças, em dedicação total, numa performance impressionante.

Mas a vida seguiu em frente e Lula ficou doente, com câncer na laringe, corria risco, houve uma recuperação difícil, quando recebeu alta estava enfraquecido, mal conseguia andar, usava uma bengala, dava pena.

Lula se recuperou…
Dilma Rousseff então se animou, julgando que Lula teria de abandonar a política. Mas a vida continuou seguindo em frente, Lula se recuperou, os médicos o declararam curado e ele voltou à ativa. Em 2012, lançou outro poste para a Prefeitura de São Paulo, mergulhou fundo na campanha e conseguiu levá-lo à vitória. Traduzindo: poderá sair em candidato em 2014, basta querer.

De lá para cá, as relações de Dilma e Lula estremeceram de tão forma que hoje os dois são “inimigos cordiais”. A presidente tem feito tudo para evitar a candidatura do ex-mentor, usando até golpes baixos. Dilma mandou o Planalto investigar a vida de Rosemary Noronha, com quem Lula mantinha um romance há quase 20 anos, o Planalto “vazou” muitas informações contra ela na grande mídia, e tudo isso tinha o único objetivo de tirar Lula da disputa.

Lula não passou recibo. Engoliu as humilhações em silêncio, mas não esquecia que, em caso muito mais grave, no escândalo da corrupção da ministra Erenice Guerra (a preferida de Dilma, digamos assim), em 2010, quando ele ainda estava na Presidência, a substituta de Dilma na Casa Civil recebeu apenas uma advertência. Lula não fez a menor carga contra Erenice, pelo contrário.

Mais uma cartada
Agora, com a entrevista à Folha, dizendo que “Lula não volta, porque nunca saiu do governo”, Dilma joga mais uma desesperada cartada, querendo atribuir a ele os erros da atual gestão. Em sua infantilidade política, Dilma não vê que, com essa declaração, não só atingiu Lula, mas, sobretudo, detonou a si mesma, mostrando que é uma governante fraca e sem autonomia.

A briga entre Lula e Dilma, é claro, só beneficia a oposição, que estava em situação terminal, mas pouco a pouco vem se recuperando e logo reunirá forças para enfrentar o PT, até com chances de vitória.

E assim, no ano que vem, poderemos ter a mais espetacular eleição presidencial da História, especialmente se José Serra arrumar legenda e se Joaquim Barbosa aceitar filiação a um dos partidos que insistentemente se oferecem a ele.

Quanto a Dilma Rousseff, ficará no Livro Guinness com a primeira mulher que estreou na política vencendo uma eleição presidencial sem ser casada ou viúva de algum governante ou ditador, como Isabelita Perón ou Cristina Kirchner.

Carlos Newton – Tribuna da Imprensa

Matéria extraída do portal Interior da Bahia

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