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quinta-feira, 6 de outubro de 2016

Governo estuda reduzir os salários iniciais do funcionalismo público

Governo estuda reduzir os salários iniciais do funcionalismo público
Foto: Lula Marques / Agência PT
Sob pressão para reduzir os gastos com a folha de pessoal, o governo federal estuda rever o salário inicial das principais categorias de servidores. A ideia é reduzir valores dos salários de ingresso no serviço público, considerados altos, e ampliar a distância em relação à remuneração recebida pelo funcionário no final da carreira. 

Hoje, os servidores recém-aprovados em concursos públicos recebem salários muito elevados - bem acima dos registrados na iniciativa privada - e, em alguns casos, bastante próximos daqueles que estão no topo da tabela do plano de carreira. 

No funcionalismo público federal, há salários iniciais que chegam perto de R$ 30 mil. É o caso do consultor legislativo do Senado, que ganha no início de carreira R$ 29,1 mil e, no final, R$ 30,54 mil. Já um advogado da União começa ganhando R$ 18,28 mil e chega a um salário de R$ 23,76 mil ao final da carreira, de acordo com levantamento feito pelo Estado de S. Paulo, com dados do Ministério do Planejamento. 

A pequena diferença salarial entre início e fim de carreira acaba sendo um incentivo para o aumento da pressão pelos "penduricalhos", benefícios extras que se somam ao salários. É o que acontece agora com várias categorias que pleiteiam bônus de produtividade, como na Receita Federal. 

Os integrantes da Advocacia-Geral da União (AGU), da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN) e das procuradorias dos ministérios e do Banco Central já estão recebendo desde agosto honorários pelas causas ganhas pela União. Também serão autorizados a exercer advocacia privada, desde que não sejam causas contra o governo. 

Na Receita, que tradicionalmente consegue se organizar com maior força para conseguir acordos mais vantajosos, o salário inicial é de R$ 15,74 mil. Um delegado da Polícia Federal recebe salário inicial de R$ 16,83 mil, enquanto um de fim de carreira ganha R$ 22,81 mil. "O nível salarial de entrada é muito elevado. Muito maior do que na iniciativa privada", disse uma fonte da área econômica envolvida na discussões. 

Uma mudança nessa estrutura é complexa, polêmica e exigirá o envio de projetos de lei alterando as diversas carreiras. Mas, para a área econômica, esse debate ganha força nesse momento. O economista Pedro Bastos, professor da Unicamp, acredita que os elevados gastos com pessoal são "desperdício de munição", principalmente em meio à recessão. 

Integrante da corrente de economistas favoráveis à expansão do gasto público para atenuar a queda da atividade econômica, o professor avalia que o governo teve a chance de conter esse processo para tentar preservar investimentos, mas definiu prioridades de forma equivocada.

Do Portal Bahia Notícias/por Adriana Fernandes e Idiana Tomazelli | Estadão Conteúdo

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