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segunda-feira, 30 de maio de 2016

Entrevista à Folha de S. Paulo: Dilma diz que cometeu erros na economia, mas não sabe dizer quais foram…

A presidente afastada Dilma Rousseff diz que o presidente interino Michel Temer deveria fazer como ela: defender a recriação da CPMF. Para a petista, “quem paga o pato, quando não se tem imposto num país, é a população”, com cortes em áreas como educação e saúde.

Na entrevista, ela nega ter dado guinada na política econômica depois de eleita. Admite que cometeu erros, mas sem dizer quais, pois “essa volta ao passado não existe”.

No dia em que saiu do Planalto, a senhora pedia às pessoas que não chorassem. A senhora não chora?
Eu não choro, não. Nas dores intensas, eu não choro. Cada um é cada um, né?

E o Lula?
O Lula chora. Ele chorou, sim. O Lula ficou muito triste ali, quando eu saí.     
                          
Nas conversas gravadas por Sérgio Machado, José Sarney diz que Lula está deprimido e com os olhos inchados de tanto chorar.
É mentira. Gente, o Lula é uma pessoa com fortes emoções. O Lula chora porque tem dor. Ato contínuo, ele se recupera e enfrenta a vida. Que Lula tá com olho inchado de chorar, o quê!

Houve um pior momento nesse processo? A maior traição?
Você não vai me perguntar da maior traição, né? Ela é tão óbvia!

Michel Temer?
Óbvio. E não foi no dia do impeachment. Foi antes. Em março. Quando as coisas ficaram claríssimas.

A senhora não esperava?
Você sempre acha que as pessoas têm caráter. Eu diria que ele não foi firme. Tem coisas que você não faz.

Olhando em perspectiva, a senhora não acha que teria sido melhor ter cedido o lugar para que Lula fosse candidato à Presidência em 2014?
A Barbara Tuchman escreveu um livro fantástico, “A Marcha da Insensatez”. A insensatez só é insensata quando você percebe que isso pode ocorrer e insiste. Não vale a pena olhar para trás, com tudo já passado, e falar “tinha de ser assim”.

Lula também insistia para que a senhora nomeasse Henrique Meirelles para o Ministério da Fazenda, cargo para o qual Temer agora o convidou.
Cada um é cada um. Eu respeito o Henrique Meirelles, tá? Agora, eu não concordo com essas medidas [anunciadas pelo ministro na semana passada]. Gosto mais do Meirelles no Banco Central que no Ministério da Fazenda. Pelo menos até agora. Não sei se é dele essa ideia de propor o orçamento base zero [que só cresce de acordo com a inflação do ano anterior]. Mas não é possível num país como o nosso, não ter um investimento pesado em educação. Sem isso, o Brasil não tem futuro, não. Abrir mão de investimento nessa área, sob qualquer circunstância, é colocar o Brasil de volta no passado. É um absurdo.

No governo da senhora também houve cortes e o então ministro da Fazenda Nelson Barbosa, numa proposta fiscal rigorosa, chegou a prever mudança na política de reajuste de salário mínimo.
Nós passamos um ano terrível em 2015 e fizemos todo o esforço para não ter corte em programa social. Nós assumimos [a proposta de se recriar] a CPMF, sem pudor. Nós nunca entramos nessa do pato [símbolo criado pela Fiesp para protestar contra aumento de impostos]. Aliás, o pato tá calado, sumido. O pato tá impactado. Nós vamos pagar o pato do pato, é? Porque quem paga o pato, quando não se tem imposto num país, é a população. Vai ter corte na saúde. Já falaram em acabar com o Mais Médicos, já falaram que o SUS não cabe no orçamento. Depois voltaram atrás. Os que são chamados de coxinhas acreditam que o Bolsa Família é uma esmola. Não é. Ele tem efeito enorme sobre as crianças. Entre fazer isso [cortes em área sociais] e criar um imposto, cria um imposto! Para com essa história de não criar a CPMF. Só não destrói a educação e a saúde. Não tira as crianças da sala de aula. É essa a discussão que precisa ser feita e não uma discussão genérica sobre o pato.

A senhora fala que o programa de Temer não passou pelas urnas. Mas a senhora também falou uma coisa na campanha e fez outra depois de eleita.
Quando é que o pessoal percebeu que tinha uma crise no Brasil, hein? A coisa mais difícil foi descobrir que tinha uma crise no Brasil.

Na eleição, todo mundo tinha percebido, menos a senhora?
Me mostra a oposição falando que tinha crise no Brasil! Ninguém sabia que o preço do petróleo ia cair, que a China ia fazer uma aterrissagem bastante forte, que ia ter a pior seca no Sudeste.

A senhora diz então que não deu uma guinada de 180º, como até seus aliados afirmam?
Eu vinha numa política anticíclica e acabou a política anticíclica. A guinada é essa. Agora, isso não significa que não possamos ter errado nisso e naquilo. Porque senão fica assim “não errei em nada”. Não é isso.

Errou em quê?
Ah, sei lá. Como é que eu vou falar da situação depois?

Na escolha do candidato a vice-presidente?
Ah, não vou falar isso. É tão óbvio! Mas não tem essa volta ao passado. Isso não existe.
Nota do blog Tribuna da Internet: As explicações da “doutoranda” Dilma Rousseff para a crise econômica são patéticas. Uma das mais criativas colocações foi dizer “eu vinha numa política anticíclica e acabou a política anticíclica“, como se tivesse dirigindo e de repente acabasse a gasolina. E afinal, o que é uma política anticíclica??? Outra pérola foi afirmar que não sabe os erros cometidos: “Ah, sei lá. Como é que eu vou falar da situação depois?“. Quer dizer que um governante (no caso, governanta) não tem condições de falar depois sobre o que aconteceu antes??? Genial! Ou, como dizem os portugueses, bestial! Deve ser por isso que eles consideram o Brasil como o país da piada pronta.
Mônica Bergamo

Do Portal Interior da Bahia/Fonte:Folha

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