Por volta das 06h20min da manhã desta sexta-feira (30), 20 homens, entraram pelos fundos da propriedade rural do Sr. Cleto, que fica na comunidade de Boa União.
Os homens, portando enxadas e enxadetas, anunciaram a chegada com foguetes de 12 tiros.
Cleto que esperava pela frente, também com foguetes, foi surpreendido pelo experiente “Ladrão do Boi”, o senhor Miguelzinho do Alagadiço. Assim estava anunciado o Batalhão Roubado na roça de Cleto.
Sr. Antonio, Miguelzinho e Raimundo |
Os vinte homens trabalhavam e cantavam o Boi de Roça, cantigas muito bonitas não apenas pelas letras, mas pela forma que são cantadas, as “pareas” como eles chamam as duplas que cantam, são formados por: Miguel e Raimundo, Ailton do Bar e Maro, Silvestre e Nininho, Antonio Testinha e Elias, Dom e Tinho, Joãozinho e Zé Dana. Na roça todos trabalham alinhados de forma horizontal, logo que passam o pasto fica limpo.
O trabalho começou às 06:20. |
O participante mais velho é o senhor Silvestre que nos contou que participa de batalhão desde os sete anos, quando acompanhava o seu pai, hoje com 82 anos ele continua participando e garante que ainda está forte.
Miguelzinho do Alagadiço, hoje com 60, começou com 13, e fazia parea com seu tiú. Conforme a tradição nesse batalhão o senhor Miguel é o “Ladrão do Boi”, conversamos com ele que disse: “Hoje conseguimos chegar entrar na roça e roubar Cleto, ele pensou que nós ia chegar pela frente, e preparou os foguetes só que nos vimos por traz da roça e pegamos ele”.
Se aproximando do meio dia, Miguelzinho pediu aos companheiros para continuar o trabalho até terminar o vão e só depois ir almoçar. Todos toparam e assim foi feito, às 12h40min, com três tarefas destocadas, em 6 horas e vinte minutos de Batalhão os homens foram almoçar.
Parada para o almoço. |
O cardápio: carne porco cozida, carne de boi cozida, frango cozido, para aqueles que tomam uma pinga tinha das mais diversas, para que não toma tinha um cafezinho bem forte.
No almoço, muitas histórias e lembranças do passado. O senhor Zé Dana, morador de Barreiras, nos contou que, antigamente, o batalhão virava a noite: “era uma folia. A gente cantava, dançava na roda e tomava uma pinga. Sinto saudade é dos sambas de roda, das batas de milho. Hoje a máquina faz todo e já não temos mais estas festas”, lamentou.
Cleto o dono da roça. |
Cleto, o dono da roça, nos disse que todo ano recebe o batalhão. Segundo ele, "é uma forma de manter a cultura da região viva e também de estar com os amigos, sem falar que o trabalho é feito em apenas um dia”
Logo após o almoço o trabalho continuou, mas nossa equipe teve que partir.
Participantes do Batalhão: José da Paixão da Faz. Arco, Venâncio e André, da cidade de Araci, Hermes da Faz. Alagadiço, Edmilson da Faz. Arco, Silvestre, de Barrocas, Nininho do Arraial, Elias da Cruz Faz. Barreira, Antonio Testinha de Barrocas, Tote , Nem e Alenilson do Socavão, Antonio de Barrocas, João Firmino do Umbuzeiro, Maro Miguel de Santa Rosa, Ailton do Tanque Velho, José Dana de Barreiras, Raimundo do Jenipapo e Miguelzinho do Alagadiço.
Três tarefas distocadas até o meio dia. |
Matéria do blog Jornal A Nossa Voz
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