Foto: Reprodução
O ex-juiz Sergio Moro e o ex-procurador Deltan Dallagnol, recém-eleitos para o Congresso no Paraná, se encontraram em participação no podcast Flow nesta segunda-feira (24), atacaram o ex-presidente Lula e defenderam o voto no presidente Jair Bolsonaro.
Moro e Deltan foram duas das principais autoridades da Operação Lava Jato, que teve sua credibilidade afetada depois da divulgação de conversas no aplicativo Telegram que mostraram colaboração entre os dois nos processos.
O ex-juiz, eleito para o Senado pelo partido União Brasil, rechaçou no programa a possibilidade de voltar a ocupar um cargo em eventual novo governo Bolsonaro (PL) e a hipótese de "barganhar" uma vaga no Supremo Tribunal Federal.
Em debate na TV na semana passada, Moro apareceu assessorando Bolsonaro nos bastidores. Ele foi ministro da Justiça por um ano e quatro meses e pediu demissão em 2020 acusando o presidente de intervenção na Polícia Federal.
"Tenho minhas divergências com o Bolsonaro. Não estou reescrevendo o passado, quero deixar isso claro. Mas nesse momento a prioridade é derrotar o PT e o Lula."
Quando o apresentador afirmou que foi esquisito vê-lo ao lado do aliado novamente, Moro disse: "É estranho, mas vou dizer o seguinte. Não vou compor o governo. Não vou ser ministro do governo. Eu não barganhei vaga no Supremo. Vou ser um senador independente."
Deltan, eleito para a Câmara pelo partido Podemos, listou motivos para não votar no PT e disse que o momento é de unir contra eventual volta de Lula.
"Eu tenho várias ressalvas [a Bolsonaro] que já expressei publicamente no passado", disse.
O ex-procurador chegou a mencionar como razões para não votar no PT pautas como aborto e o preconceito religioso.
Moro e Deltan foram questionados sobre a compra de imóveis pela família Bolsonaro com dinheiro vivo e disseram não conhecer detalhes do assunto e que todo caso do tipo deve ser investigado. Mas afirmaram que as dimensões não são comparáveis com os escândalos petistas.
Os dois também criticaram a falta de transparência nas emendas de relator do Orçamento, uma das marcas da gestão Bolsonaro na relação com o Legislativo.
"O grande problema é que retira do governo federal a capacidade de fazer grandes investimentos", disse Moro, que falou ainda em "certa cooptação de votos".
O ex-juiz, porém, disse que não há como comparar o modelo com o escândalo do mensalão, ocorrido durante o governo Lula.
Sobre as afirmações de Lula de que houve perseguição política na Lava Jato, os dois disseram que houve um trabalho coletivo que envolveu diversas instituições e que atingiu outros partidos também.
"Que complô é esse formado por dezenas ou centenas de funcionários públicos concursados?", disse Deltan.
Deltan falou sobre a sua exoneração do Ministério Público e disse que nunca teve vontade de ser político. "Nem hoje tenho", disse.
Afirmou que só tomou essa decisão porque entendeu que seu trabalho na Procuradoria estava cerceado por decisões do Supremo e mudanças legislativas.
Moro disse discordar de quem fala que houve excessos na Lava Jato e ironizou as acusações de colaboração entre juiz e acusação: "[Deltan] Nunca me pagou uma janta. Não tem essa proximidade, não", disse, rindo.
Do Portal Bahia Notícias/por Felipe Bächtold | Folhapress
Nenhum comentário:
Postar um comentário