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segunda-feira, 20 de abril de 2020

Alemanha reabre comércio com restrições de número de clientes por loja

Alemanha reabre comércio com restrições de número de clientes por loja
Foto: Reprodução / G1
Na principal rua de compras de Hamburgo, os sinos da igreja matriz de São Pedro mal haviam terminado de dar as dez badaladas na manhã desta segunda-feira (20) e a entrada da loja de calçados Snipes em frente ao santuário já tinha sido aberta por um funcionário.

Assim como outras varejistas na Alemanha com até 800 metros quadrados, a marca pôde voltar a operar fisicamente nesta segunda a partir das 10h. O afrouxamento das restrições de comércio no país foi anunciado na última quarta-feira (15) pela chanceler alemã, Angela Merkel.

Apesar de muita expectativa, minutos antes de abrirem os estabelecimentos, o fluxo de pessoas circulando na via mais importante de compras da cidade hanseática, a Mönckebergstrasse, era fraco. Quem passava por lá apenas segurava o passo para conseguir ler os avisos nas portas das lojas e depois seguia em frente.

Nos estabelecimentos de toda a cidade, seja em shopping ou nas ruas, os comunicados eram quase todos iguais e indicavam a necessidade de distância de 1,5 a 2 metros entre os clientes e que o local só atenderia um restrito número de pessoas por vez. Nas maioria deles, seriam permitidas no máximo quatro pessoas ao mesmo tempo dentro da loja. Em espaços maiores, o número chegava até 70. Nos menores, apenas uma.

"Importante é que estamos abertos de novo. Vamos atender até 20 pessoas aqui. Quem não puder entrar vai ter que aguardar do lado de fora", disse Mehmet Bayanbas, 26, funcionário do Aladin Center, loja de roupas e souvenirs localizada no St. Pauli, bairro famoso por seus bares e clubes.

Na manhã desta segunda-feira, não havia fila em frente ao Aladin Center, mas, enquanto a reportagem entrevistava o funcionário, um cliente entrou e comprou um cinto no local. Logo após ele deixar o estabelecimento, outro funcionário no caixa espirrou álcool em um pano e limpou o espaço do balcão em que os consumidores têm contato.

"Tomamos o cuidado com a distância e também adotamos essa placa de proteção", afirmou Bayanbas sobre uma divisória de acrílico instalada no caixa.

Como o governo alemão apenas determinou que seria obrigatório respeitar a higiene, sem explicar exatamente o que isso significa, cada estabelecimento desenvolveu uma regra.

Uma livraria, por exemplo, sugere em aviso na porta que o consumidor apoie o rosto na dobra do braço e antebraço em caso de vontade de espirrar ou tossir e pede que apertos de mão sejam evitados.

A loja de decoração e móveis Maison F, que fica na área nobre em Neustadt, tem logo na sua entrada uma caixa com luvas de plástico, álcool em gel e sachês de desinfetantes para as mãos. Mas os proprietários querem avançar.

"Embora o estado de Hambugo ainda não obrigue o uso, já encomendamos máscaras de proteção para deixar disponível na entrada", disse Ralf Müller, 54, sócio do estabelecimento.

Outro estratégia dos lojistas foi criar uma porta exclusiva para a entrada e outra apenas para a saída dos clientes, formando um fluxo para impedir que os consumidores se esbarrem ou se aproximem.

Restaurantes ainda estão proibidos de receber clientes, mas podem vender alimentos para viagem. Em muitos deles, há barreiras que impedem os consumidores de sentar ou ter acesso às mesas. Também fazem marcações (em alguns casos até com giz) no chão em frente às suas entradas para que nas filas haja uma distância entre os consumidores.

Na principal rua de comércio da cidade, a Zara teve que reduzir seu espaço de loja para poder abrir. Dos quatro andares, apenas um estava aberto aos clientes. Mesmo assim, ao meio-dia, o estabelecimento estava cheio e havia fila para pagamento.

Conforme o tempo foi passando, e a tarde chegando, o fluxo de pessoas nas ruas aumentou. A loja de calçados em frente à igreja, três horas depois de ter sido aberta, já tinha pelo menos cinco pessoas formando uma fila em sua porta.

Em uma ótica na mesma rua, o estudante universitário Bennet Thormählen, 26, aguardava do lado de fora para ser atendido. Ele não estava usando máscara nem luva, mas disse evitar ao máximo o contato com outras pessoas.

"Essa deve ser provavelmente a minha primeira e última loja que vou ver hoje. Quis vir porque quero comprar um óculos de sol e aqui posso provar. Fora que saio um pouco de casa", disse.

O tributarista Kevin Humnig, 30, aproveitou que as lojas reabriram para comprar tênis novos para seu filho, porque, segundo ele, as entregas de compras pela internet estão demorando mais do que o normal.

"O prazo para receber os produtos aumentou, e meu filho é criança, em fase de crescimento. Imagina, o sapato vai ficando apertado e daqui a pouco não tem o que vestir", afirmou.

"Não tenho medo de vir comprar aqui porque estou tomando cuidado. E a loja estava super vazia."

Apesar de algumas pessoas usarem máscaras de tecido, a maioria dos que circulavam nesta segunda pelo centro de Hamburgo estava sem a proteção. Havia gente de todas as idades pelas ruas, mas chamou a atenção o alto número de idosos.

De acordo com dados divulgados pelo Robert Koch Institut nesta segunda, a Alemanha já teve 141.672 casos confirmados de Covid-19, com um total de 4.404 mortes. O número de infectados nas últimas 24 horas foi de 1.775 - pela primeira vez abaixo de 2.000 registros diários desde o dia 22 de março.

A volta das aulas, de serviços, como cabeleireiros, e a reabertura de empresas devem acontecer a partir de 4 de maio, quando termina a vigência do lockdown, também com medidas de distanciamento físico.

Festivais e outros eventos públicos, como jogos de futebol, devem ficar suspensos até o final de agosto, e não há data para a volta de cerimônias religiosas.


Do Portal Bahia Notícias/por Arhtur Cagliari | Folhapress

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