Na casa ao lado, vive o irmão de Natalício, o também lavrador Manoel dos Santos Mota, 35 anos, que está desempregado e no momento, se sustenta fazendo bicos pela região, sua televisão comprada quando a energia elétrica chegava, está parada: "aqui ninguém fica sabendo de nada que acontece, não assiste tv nem ouve rádio, dá a noite e vamos dormir cedo" lamentou. O lavrador, chegou a comprar um rádio de pilha que não durou muito tempo: "só durou dois dias, não dá pra tirar do dinheiro de comer pra comprar pilha, deixei o rádio de lado".
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"aqui ninguém fica sabendo de nada que acontece, não assiste TV nem ouve rádio" diz Manoel |
A aposentada Genésia Alves, 85 anos anos, matriarca da família, depende do cuidado dos filhos. Na rotina da aposentada, estão os remédios para controlar a pressão arterial, os cuidados com a saúde são comprometidos principalmente no período da noite: "para quem é de idade e doente tudo é mais difícil, a noite eu me bato nas coisas da casa, porque minha vista é meio turva, só o candeeiro pra clarear muitas das vezes é difícil" explica a aposentada, que vê seus netos, de 09, 11 e 12 anos com os estudos comprometidos e se preocupa: "eles nem podem pegar no livro a noite, fazer uma tarefa, como vão estudar assim" lamentou. No momento da reportagem os três netos estavam na escola no povoado de Lagoa da Cruz.
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Luiz Mota, conhecido Luizão tem uma pequena casa de farinha que sem energia não pode funcionar. |
Aos 85 anos, Luiz Mota, conhecido Luizão, lavrador aposentado chegou a vender uma vaca para comprar fios, na tentativa de trazer a energia até as casas. Ele lamenta principalmente que a casa de farinha esteja parada: "eu plantava mandioca, arrancava pra fazer farinha, beiju e tá tudo abandonado". A fiação seria puxada da casa de uma irmã onde a rede da Coelba chegou, "não deu certo porque atravessava a roça e é perigoso, ficamos sem energia pra ligar o motor da casa de farinha que agora tá parada".
Os moradores que estão nessa situação afirmaram que já procuraram a Coelba e até o Prefeito Municipal José Jailson para que ele intervisse: "aqui é só promessa, só falam e não fazem" contou Natalício. Ele lembrou que um filho chegou a cair em um dos buracos cavados que foram abandonados pela empresa.
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Um dos buracos cavados pela empresa que iria instalar os postos da rede de energia |
Entramos em contato com a Coelba através da Ouvidoria, aguardamos retorno da empresa. Em seu site está destacado a garantia do serviço universal: "A universalização do serviço de energia elétrica está fundamentada na Constituição Federal, art. 23, inciso X, a qual trata do dever da União para combater as causas da pobreza e da marginalização social."
O programa Luz para Todos, lançado no Governo do ex-presidente Lula, levou energia elétrica para mais de 15 milhões de pessoas, só na Bahia são cerca de 2 milhões, mas infelizmente ainda há barroquenses e tantos outros brasileiros sem poder acender um lâmpada à noite.
@ Nossa Voz Por Victor Santos / Colaborou Rubenilson Nogueira
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