Quem trafegou entre 09h e 11h de quinta-feira (29) na BA 120, no trecho entre Valente e Queimadas encontrou pelo menos dez ônibus que transportavam passageiros de Monte Santo, Cansanção e Queimadas como destino a São Paulo.
No posto de combustíveis localizado próximo ao contorno de Queimadas sentido Santaluz, uma grande movimentação de pessoas que entravam em dois ônibus enquanto os mesmos eram abastecidos.
Além das bagagens que esses passageiros carregavam, eles estavam movidos pela saudade e tristeza de deixarem suas comunidades após as festas de finais de ano e outros partirem em busca de trabalho, a exemplo do adolescente Marcos Antonio Jesus Santos, 18 anos.
Maria de Fátima deseja muita sorte ao neto que segue diplomado para São Paulo, coisa que a grande maioria não conseguiu.
Dona Maria de Fátima, avó de Marcos, acompanhado de familiares e da namorada do adolescente, foram se despedir e ela disse ao CN que tinha dois filhos em São Paulo e todos saíram de Queimadas por falta de emprego e oportunidade de estudo. Cada ônibus transportava de 42 a 46 passageiros para a grande missão de 34 horas no percurso aproximado de 2.200 km.
O agricultor Pedro Mota, 50 anos, residente no Distrito de Pedra Vermelha, município de Monte Santo e o pedreiro Antonio Pereira, 32 anos, residente no Povoado de Deixai, Cansanção, disseram ao CN que o preço e a facilidade de transporte da comunidade até a cidade, onde pegaram o ônibus, e ficar próximo da casa onde vão ficar em São Paulo, foram fatores decisivos na hora de escolher esse transporte. Pedrão, como é chamado o agricultor disse que pagou R$ 300 pela passagem e questionado sobre a possibilidade de trocar a viagem em um ônibus clandestino por uma passagem de avião, ele disse que nem sabem como comprar uma passagem aérea e brincou dizendo na sua cidade só tem um campo de pouso para descer avião de político.
Alan garante que essa realidade da Região do Sisal é a mesma de todas regiões do Brasil.
Segundo o advogado Alan Andrade, proprietário de uma das empresas de ônibus, disse ao CN que seus veículos são registrados na ANTT e três motoristas vão reversando a cada 4 horas ao longo da viagem. Allan disse também que dois ônibus da sua empresa retornam de imediato e um deles vem vazio pois já tem lotação certa para próxima semana.Esta movimentação acontece geralmente às quintas-feiras.
Nestes municípios localizados no território do sisal existem pelo menos sete empresas que fazem este trabalho conhecido clandestino e elas colocam vendedores de passagens nas comunidades rurais que recebem comissões pelas vendas e criam a logística para levar os passageiros até o ponto mais próximo.
O roteiro, que geralmente começa em Monte Santo, passa por Cansanção, Queimadas e Santaluz, onde está concentrada a maioria dos passageiros. Eles seguem até Valente e depois pela BA 416 até a BR 324, Nova Fátima, seguindo para Feira de Santana e pela BR 116/sul, São Paulo.
A empresa Gontijo faz o transporte oficial e a passagem custa R$ 362.71. No roteiro oficial, os ônibus seguem a BA 120, BA 409, BR 116/norte e em Feira de Santana, vão pela BR 116/sul.
Redação CN * fotos: Raimundo Mascarenhas
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