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quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Uma Vitória Nossa

De quantos votos se faz uma vitória política? No nosso caso, de precisamente de 23.291 votos não só de Feira de Santana, mas de todas as regiões desse estado tão grande que é a Bahia. 

Esses números nos colocaram como a candidatura a deputado estadual mais votada do PSOL na Bahia, aquela com maior votação fora de seu domicílio eleitoral dentre outras do Partido e a quarta mais votada em Feira. Se por um lado esses números não permitiram uma vaga na Assembleia Legislativa porque o PSOL infelizmente ainda não atingiu o chamado “coeficiente eleitoral”, por outro lado demonstram parte do crescimento partidário de 2010 para cá e que nós viemos “pra ficar” como se costuma dizer popularmente. Porém, há um mundo de coisas que esses números não mostram e são elas que, afinal, dão o real significado de vitória a eles.

Em primeiro lugar, a afirmação de que há espaço para uma candidatura com propostas radicais que dialoguem com as necessidades da maioria da população em sua diversidade. Como é evidente, a crítica à “política” e aos “políticos”, que hoje circula com muita força, expressa mais o descontentamento com certa prática política dominante do que a falta de abertura para proposições que levem a sério aquilo que é vivido por quem sente na pele a exploração, opressão e negação de direitos. Em segundo lugar, é uma vitória porque reafirmou um método de fazer campanha que por si é expressão do que pode ser o próprio mandato, ou seja, uma forma de atuação política que conta com a participação cada vez mais ativa das pessoas na construção das transformações de que precisamos. Da elaboração das propostas ao levantamento de recursos, ter a ousadia de afirmar uma campanha colaborativa contra um cenário de campanhas milionárias, montadas por profissionais do marketing e movidas por cabos eleitorais pagos. O que, sem dúvida, cumpre o papel educativo que toda campanha de esquerda deve ter: pela prática diferenciada, levar a que mais e mais pessoas repensem as suas próprias práticas, escolhas e mesmo sua visão de mundo. Em terceiro lugar, é uma vitória porque foi mais um passo bem sucedido para enfrentar um sistema político em nada favorável aos projetos alternativos para nossa sociedade. Mesmo com as conquistas resultantes de muitas lutas populares, esse sistema continua antidemocrático: as leis atuais permitem abertamente que o poder econômico de uma minoria imponha seus interesses sobre a maioria da população. Nesse caso, novamente, é sempre uma vitória deixar para traz tantas outras candidaturas expressivas só do dinheiro, da troca de favores e do descompromisso com o interesse público.

Vitórias políticas que só explicam, apesar da candidatura levar o meu nome, como um processo coletivo. Nesse sentido, agradeço muito a quem discutiu propostas, contribuiu financeiramente, deu o suor nas panfletagens, abriu sua casa ou organizou outras atividades de apoio, curtiu, comentou, compartilhou e interagiu virtualmente de diversas maneiras com a campanha. Agradeço também aos milhares que apoiaram e votaram porque sentem a necessidade de uma mudança pela raiz, o que é mais uma centelha permanentemente viva dos nossos mais de 500 anos de resistência popular. Enfim, agradeço muito a todas e todos que fizerem dessa campanha mais um marco na história política baiana. Essa vitória, sem dúvida nenhuma, é nossa. Afinal, como bem se diz hoje: é tudo de nós!

Ousando continuar na luta, venceremos!


Jhonatas

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