O Secretário de Planejamento do estado e pré-candidato do PT à sucessão do governador Wagner, José Sérgio Gabrielli, movimenta mais algumas de suas peças, no tabuleiro da sucessão estadual, após realizar plenária, no sábado (19), no Hotel Fiesta, que contou com a participação de expressivas lideranças políticas do estado.
Estavam presentes e apoiando Gabrielli, o ex-governador e atual vereador Waldir Pires, o deputado federal Luiz Alberto e o suplente de deputado federal Emiliano José. Os deputados federais Nelson Pelegrino e Zezeu Ribeiro não puderam participar, pois estavam em viagem de trabalho, mas mandaram mensagens de apoio. O deputado estadual Rosemberg Pinto, os secretários de estado da Educação, Cultura e Promoção da Igualdade, além de vereadores, lideranças sindicais e populares de Salvador e outros municípios.
A maioria dos discursos caminhou na linha da importância de se lutar, hoje no PT, para garantir um amplo processo de ausculta e diálogo partidário, com o objetivo de escolher o sucessor de Wagner e no reconhecimento da liderança de Gabrielli como o melhor perfil, atual, para “unificar a base do governo, ganhar a eleição e garantir a continuidade do projeto de transformação por que passa a Bahia”.
O vereador Waldir Pires no compasso da sua larga, não digo nem experiência, mas coerência política fez um discurso que, certamente, servirá de referência histórica para atuais e futuros pesquisadores quanto para lideranças políticas que pensam e praticam a Política com P maiúsculo, como ele mesmo faz questão de afirmar.
Numa perspectiva mais abrangente e para além do arriscado jogo da mera institucionalidade eleitoral, Waldir fala do fundamento e, ao mesmo tempo, vai pontuando as dificuldades da civilização por irrealização dessa política nos dias atuais. O BTD gravou todo o discurso e em breve disponibilizará para seus eleitores.
Entretanto, coube ao presidente do PT, Jonas Paulo, que também compõe a comissão interna do partido encarregada de comandar o complexo processo sucessório, sinalizar o caminho e os obstáculos a serem superados pelos 4 postulantes petistas à sucessão do atual governador.
Primeiro, Jonas salientou a importância do atual processo não trincar ou desagregar a atual frente política de 13 partidos, liderada pelo PT baiano e, consequentemente, não abrir flancos para a volta da direita no comando político do estado. “Nossa responsabilidade é maior do que a do PT de São Paulo”, afirmou.
Segundo, ele também se encarregou de garantir o entusiasmo da militância ao defender um nome do PT para suceder Wagner. “Reconhecemos a legitimidade dos aliados, mas quem dirige somos nós. Não vamos abrir mão: o candidato é do PT”, ressaltou, para logo após elencar os critérios para unção de um nome: empolgar a militância; liderar a frente, ganhar as eleições, lastrear a candidatura de Dilma no estado para que a mesma alcance, no mínimo, a mesma performance de 2010; expressar os avanços do governo Wagner e gozar da confiança dos aliados e da sociedade de que, sob sua batuta, o governo vai avançar mais e, por último, a garantia de que sua eleição vai garantir também a eleição de mais deputados estaduais e federais.
Ao final, Gabrielli começou brincando que faria um discurso de 3 horas e meia, já passava das 13 horas e, certamente, a barriga da galera já começava a roncar, mas, fez um discurso contundente, de mais ou menos 40 minutos, relembrado seu passado de militante, já aos 15 anos. Falou de sua participação na luta contra a Ditadura Militar, como a de muitos militantes ali presentes, sua opção política de defender um outro processo que não a luta armada, tirando sarro com Emiliano José, até sua filiação e experiência como quadro político e técnico do PT, partido ao qual está filiado até hoje, e confirmando em vários momentos sua condição de pré-candidato.
“Podem me acusar de tudo, menos de incoerente ou omisso. Continuo defendendo o mesmo lado que sempre defendi e nunca me omiti, principalmente nos momentos mais cruciais. Coloco minha vida, mais uma vez, à disposição dessa luta”, assim, finalizou seu discurso.
Durante o Encontro, ele ainda defendeu que a escolha do candidato petista deva acontecer na próxima reunião do Diretório Estadual do PT, prevista para ocorrer logo após a eleição (PED) da nova presidência e da nova direção partidária, que acontece no próximo dia 10 de novembro.
O pré-candidato acredita que levar a decisão para uma eleição interna, prévia, provavelmente em março ou abril, seria um “suicídio eleitoral”. Por isso, defende que a escolha seja feita na reunião ampliada do Diretório, com a presença dos atuais membros e dos futuros que serão eleitos agora no PED.
Entretanto, muitos dos apoiadores de Gabrielli não comungam dessa mesma avaliação. Acham que a prévia pode ser uma saída e que, no contexto atual, o candidato pode sair fortalecido desse processo decisório interno.
Ele também fez questão de ressaltar que “não vai ser uma eleição fácil, pois os adversários não estão mortos”. Disse que o candidato deve ter uma grande capacidade de articulação tanto para fora quanto para dentro do partido, com a militância. “Seja quem for, que possa garantir a continuidade do projeto de transformação, não descuidar do legislativo, elegendo uma grande bancada e compondo uma chapa que não precise fazer muitas concessões, muitas das vezes irreconciliáveis com tais princípios”, afirmou.
Uma coisa é certa, a movimentação de Gabrielli e provavelmente a do outro pré-candidato, Walter Pinheiro, até o final do mês de outubro, coloca para o governo Wagner a necessidade de uma nova investida no sentido de mostrar que a candidatura de Rui Costa ao governo da Bahia é capaz de conter uma equação a tudo que está posto e não o seu contrário, como muitos afirmam. E, como vimos, essa investida não pode representar apenas quantidades.
Uma outra questão para ser refletida é que a escolha de qualquer outro nome, que não o de Rui Costa, só significará uma derrota interna para o governador Wagner - como alguns astutamente argumentam, acredito que motivados muito mais em manter uma posição confortável de poder - se o mesmo resolveu se afastar de mala e cuia dos princípios e de uma perspectiva de Esquerda, pois a tradição de impor uma candidatura sucessória de cima para baixo nunca foi das esquerdas democráticas mundiais, pelo menos em tese.
Convenhamos, se insistir nesse tipo de movimentação, que a cada dia pode significar uma relação apenas de força, com uma consequente desigualdade de oportunidades e um flagrante desequilíbrio no interior do projeto petista - movimentação, aliás, que sempre foi da tradição da direita e mais particularmente do Carlismo na Bahia- a derrota do governador Wagner certamente será externa, pois no que é essencial não conseguirá se diferenciar dos velhos caciques.
Sem esquecer que é uma grande ilusão pensar que homens que jogaram sua vida inteira, corpo e alma, num sonho de transformação, como os exemplos de Waldir Pires, Luis Alberto, Emiliano José, o próprio Gabrielli, apenas para citar alguns que estavam ali presentes ao Encontro, irão permanecer calados e sujeitados, a esse jogo desigual de poder interno, por mais tempo do que alguns carlistas se sujeitaram. Aqui serve como exemplo, as boas recusas de homens como Otto Alencar, Mário Kertész e outros.
E, é sempre bom lembrar, entre os protagonistas internos ao projeto do Carlismo, existia muito mais interesse econômico do que político a ser acomodado, o que, tudo indica, não é a realidade do projeto petista. Ou será que também no petismo a Política se dissolveu ao simples toque com outras esferas e interesses?
Por Edson Miranda- Bahia Todo Dia
Matéria extraída do Portal Interior da Bahia
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