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sexta-feira, 14 de junho de 2013

Manifestação em SP termina com sete jornalistas feridos e 60 pessoas detidas

Com o endurecimento da repressão por parte da Polícia Militar, o quarto ato contra o aumento das tarifas de ônibus em São Paulo, realizado na noite desta quinta-feira (13), terminou sendo o mais violento da série de manifestações ocorridas na cidade nos últimos dias.

Até a metade do ato, mais de 60 manifestantes foram detidos pela PM, cerca de 40 deles antes mesmo de o protesto começar. A polícia não informou o número de detidos. Advogados do Movimento Passe Livre afirmam que foram mais de 150 ao todo. Antes do início do ato, manifestantes e jornalistas que carregavam vinagre -como o repórter Piero Locatelli, da "Carta Capital"– para reduzir os efeitos de bombas de gás lacrimogêneo foram detidos, sob a alegação da PM de que o produto pode ser usado para fabricar bombas caseiras.

Entre as dezenas de feridos, sete são jornalistas da Folha de S.Paulo. A repórter Giuliana Vallone, da TV Folha, foi atingida no olho por uma bala de borracha disparada por policiais militares da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar). Outro repórter da Folha, Fábio Braga, também foi atingido no rosto por disparos de bala de borracha no centro da cidade. Giuliana subia a rua Augusta registrando o protesto quando foi atingida.


Antes do protesto, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) declarou que não iria tolerar atos de vandalismo. Na manifestação de hoje, a PM mobilizou grande aparato, com tanques blindados, helicópteros e até a cavalaria. Além da Tropa de Choque, policiais da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar) e da Força Tática atuaram na repressão, totalizando efetivo de 900 homens.

Começo pacífico, final violento

O protesto começou por volta de 18h na praça Ramos de Azevedo, no centro, onde os manifestantes se concentravam desde 17h. De lá, o grupo, de aproximadamente 5.000 pessoas – segundo a PM –, seguiu até a praça da República. Depois, caminharam pela avenida Ipiranga e chegaram à rua da Consolação, na altura da praça Roosevelt. Até então, não havia registro de ocorrências graves.

Na altura da Roosevelt, os manifestantes foram impedidos pela polícia de seguir na Consolação até a avenida Paulista. Iniciou-se uma negociação entre o comando da PM e lideranças do movimento. Num dado momento, por volta de 19h10, começou o confronto.

Pouco depois, o major Lidio Costa Junior, do Policiamento de Trânsito da PM, disse que o protesto, que até então transcorria pacificamente, tinha "fugido do controle"."Não nos responsabilizamos mais pelo que vai acontecer", declarou.

A PM usou bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha contra os ativistas, que responderam atirando objetos. A partir de então, o protesto se dispersou. Grupos menores prosseguiram por ruas dos bairros de Cerqueira César e Consolação na tentativa de chegar até a Paulista.

Atrás deles, a PM, com grande efetivo, disparou quantidade de balas de borracha e bombas de gás lacrimogêneo. Transeuntes que não estavam participando do protesto foram atingidos, como uma idosa de 67 anos, baleada no rosto logo após sair de uma igreja.

A Avenida Paulista foi esvaziada e bloqueada pela PM com tanques blindados. Muitos manifestantes ainda tentavam chegar á avenida, mas eram impedidos pelos policiais. Por volta de 21h45, a Paulista foi liberada para os carros.

Após tomar ciência da agressão a jornalistas, o secretário de Segurança Pública, Fernando Grella, pediu à Corregedoria da PM que abra investigação sobre a ação de hoje.

Rio de Janeiro

No Rio de Janeiro, pelo menos 2.000 pessoas participaram do quarto protesto contra o aumento do valor das passagens de ônibus de R$ 2,75 para R$ 2,95 (desde o dia 1º de junho) na noite desta quinta-feira (13).

Durante a maior parte do tempo, o protesto foi pacífico, mas por volta das 21h houve confronto de alguns manifestantes com a Polícia Militar na avenida Presidente Vargas, no centro da cidade. Prédios foram pichados e duas pessoas foram detidas. A Tropa de Choque usou bombas de gás lacrimogêneo para conter os manifestantes, que atearam fogo a pneus e em sacos de lixos.

O estudante Philippe Brissant de Andrade Lima, 19, foi levado para o Hospital Municpal Souza Aguiar, no centro do Rio, após ser atingido por um tiro de bala de borracha no olho. Ele foi encaminhado ao centro cirúrgico do hospital. Um PM do 5º BPM também foi encaminhado ao hospital após levar uma pedrada na cabeça, mas foi liberado em seguida.

Porto Alegre

Em Porto Alegre, centenas de pessoas se reuniram em frente à prefeitura para dar início a umacaminhada pelas principais vias centrais. Por volta das 20h, eles rumaram para o Tribunal de Justiça, na avenida Borges de Medeiros, que foi cercado pela BM (Brigada Militar).

As pessoas que participaram do protesto colocaram fogo em containêres no meio da avenida João Pessoa, que  foi bloqueada. A Brigada Militar reagiu com bombas de gás. Pelo menos 18 pessoas foram detidas.

Maceió

Centro de Maceió, na tarde desta quinta-feira (13), para protestar contra um eventual aumento no preço da passagem dos ônibus urbanos – que não foi decredetado e até foi descartado pelo prefeito Rui Palmeira.

Os manifestantes interditaram, por alguns minutos, os principais cruzamentos da região central da cidade, deixando o trânsito lento.

Pouco antes de 18h, em horário de pico no trânsito do centro, os manifestantes bloquearam, sentando no chão, a esquina da rua do Sol com a ladeira dos Martírios, um dos pontos mais movimentados da cidade, impedindo o fluxo do trânsito entre o Centro e o Farol. A Polícia Militar acompanhava a manifestação, sem interferir. Não houve confronto.

Aconteceram protestam ainda em Sorocaba e Santos, em São Paulo.

Do UOL- São Paulo (reportagem de Janaina Garcia e Marivaldo Carvalho)

Matéria extraída do Portal Interior da Bahia

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