O evento pode não ter atingido um grande público - afinal não havia palhaço nem apelos da futilidade midiática como os que estamos acostumados a ver no cotidiano deste país sem cultura-, mas encheu de orgulho e valor histórico os que se fizeram presentes.
O motivo do encontro histórico: lembrar e comemorar os 120 anos de fundação do arraial do Bello Monte, surgido após as primeiras pegadas do místico Antônio Conselheiro na fazenda Canudos, localizada às margens do Rio Vaza Barris, em 13 de junho de 1893.
Mas, lá estavam, ocupando praticamente todos os espaços do Centro de Estudos Euclydes da Cunha (CEEC), na Rua do Cabeça, nº 10, próximo ao Relógio de São Pedro, centro de Salvador, gente da mais alta estirpe da cultura baiana. Gente que gosta de história, tem história e faz história.
Como principais anfitriões, o historiador Manoel Neto, diretor do CEEC, e o cineasta Antonio Olavo, da Portfolium. Mas lá estavam também o professor e historiador Sérgio Guerra, o cineasta Tuna Espinheira, o estudioso da causa canudense Eldon Canário, o cordelista e xilogravurista Franklin Maxado, o escritor Oleone Coelho Fontes, o cineasta Roque Araújo, o jornalista Evandro Matos, o representante do Movimento Canudos, Zezão, do Movimento Maceté, Bruno, entre tantos outros.
Discussões e propostas
Após muitas discussões sobre o tema e apresentação de propostas, foi servido um lanche regado à culinária sertaneja, incluindo rapadura e requeijão. Entusiasmados, os “bravos heróis”, como rotulou Antônio Olavo, fizeram um balanço do evento, prometeram novos encontros, e discutiram ações para levar adiante a causa conselheirista.
“Nós realizamos um evento todo mês, mas esse teve um caráter especial. Além da presença de tantas pessoas importantes para celebrar a data, reunimos amigos para trocar ideias. Discutimos, por exemplo, um outro evento como esse, no final do ano, uma comemoração pelo centenário de José Calazans, em 2015, recriar as festas juninas com as suas comidas... Enfim, hoje é um dia tão importante que também é a data em que Lampião invadiu Mossoró”, disse Manoel Neto, diretor do CEEC.
Outro entusiasta e estudioso da temática de Canudos presente foi Antonio Olavo. “O fundamental foi o registro da data, principalmente para não deixarmos passar em branco um acontecimento tão importante. A presença dessas pessoas é simbólica, de resistência. Particularmente, ampliei o meu grito de lembrança para que outros também possam lembrar no futuro”, destacou o cineasta.
“Para mim foi uma grande comemoração, a oportunidade de um seminário assim, com várias gerações presentes, com o registro e discussão sobre o que aconteceu no período”, revelou, também entusiasmado, o professor da Uneb e historiador Sergio Guerra.
“Muito importante, inclusive podemos acrescentar novas ideias, como a criação de um Parlatório, às sextas-feiras. Foi frutífero e animado, com muitas discussões sobre o tema central”, acrescentou Oleone Coelho Fontes, que aproveitou o momento para divulgar o seu livro lançado recentemente “No rastro das alpercatas do Conselheiro”.
Por Evandro Matos (Portal Interior da Bahia)
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