Há 30 anos atrás Leonel Brizola assumia o governo do Estado do Rio de Janeiro no dia 15 de março de 1983 após espetacular vitória nas urnas apesar do escândalo da Proconsult, uma tentativa de fraude eleitoral, e ao fim de uma campanha que mobilizou milhões de eleitores sob o slogan “Brizola na cabeça!” criado pelo publicitário e pedetista Wagner Teixeira.
Em festa, cariocas compareceram em massa na Assembléia Legislativa fechando, com a posse, a campanha que o próprio Brizola compararia depois com a que reconduzira Getúlio Vargas ao poder, em 1950.
As eleições de 1982 foram as primeiras para governador depois da ditadura militar e com elas um novo ciclo político se iniciou no Brasil – sendo também a estréia em eleições dos partidos recém criados PMDB, PDS, PDT, PT, PTB - e outros. Brizola ganhou no Rio, apesar da tentativa de fraude e de ter largado em último lugar; enquanto em São Paulo o metalúrgico Luis Inácio Lula da Silva, também estreante em disputas eleitorais, chegava em 6º lugar no pleito vencido por Franco Montoro.
Experiente, logo ao assumir o governo Brizola procurou soluções novas e singulares para antigos problemas – como, na área dos Direitos Humanos, fim dos continuados e permanentes desrespeitos praticados pela Polícia; instituiu, na área da educação, a prometida idéia de campanha da escola de horário integral criando o Centro Educacional de Ipanema no antigo Hotel Panorama; voltou a máquina do Estado para projetos como “As Águas Vão Rolar”, de limpeza e drenagem das favelas e bairros pobres do Estado; iniciou um programa de reforma de todas as escolas estaduais, “Mãos as obras nas escolas”; desencadeou o programa “Cada Família Um Lote”, para regularizar a propriedade das áreas urbanas; iniciou o programa “Uma Luz na Escuridão”, voltado para levar luz elétrica para as comunidades pobres do interior do Estado; e começou a colocar água limpa e potável, da Cedae, nas favelas.
Também é deste período uma de suas mais brilhantes iniciativas, a construção do sambódromo que revolucionou os desfiles de carnaval e serviu exemplo para todo o Brasil acabando com a corrupção inerente ao sistema de aluguel de andaimes tubulares, o “monta e desmonta” de arquibancadas. Com uma finalidade espetacular embutida: tirando o carnaval, no resto do ano o sambódromo funcionava como um escolão para milhares de alunos – o maior de todos os Cieps de Darcy Ribeiro e Anísio Teixeira.
O estilo Brizola de governar passava pelas nomeações, criteriosas, de cada um dos ocupantes de cargo de confiança do governo. Brizola só nomeava os auxiliares de seus secretários depois de discutir, nome a nome, cada um deles e depois de examinar, detalhadamente, o currículo e a foto dos indicados. Nas ações de governo que exigissem a contratação de pessoas, Brizola fazia questão que a mão de obra fosse recrutada na própria comunidade onde o benefício seria realizado.
Candidatíssimo à presidência da República, Brizola começou a enfrentar uma barreira de informações, boatos e acusações pura e simples - todas com o objetivo de desgastá-lo e desconstruir a boa imagem pública que tinha, fruto de sua presença nos debates com os demais candidatos, nos meios de comunicação. Brizola, sem dinheiro e sem máquina – o PDT existia há apenas três anos, depois que tomaram de Brizola a sigla PDT através de uma manobra no TSE capitaneada pelo ministro Golbery do Couto e Silva, vencera a eleição devido a sua presença, maciça, nos meios de comunicação nas eleições mais livres já realizadas no país desde o fim da ditadura.
Dono de uma presença de espírito impar, de informações acumuladas e de uma rapidez de raciocínio invejável, Brizola destruiu, com argumentos, uma a uma as candidaturas de seus adversários em 1982 – Sandra Cavalcanti (PTB), Miro Teixeira (PMDB) e Lisaneas Maciel (PT) e Moreira Franco (PDS).
O seu desempenho foi tão espetacular nos debates que seus adversários, nas eleições que se seguiram e até hoje, não permitiram mais debates livres e sem amarras e regras que pasteurizam a discussão.
O primeiro governo Brizola marcou também o início do Programa Especial de Educação, o programa dos Cieps, estruturado pelo Senador Darcy Ribeiro, imediatamente abandonado pelo seu sucessor na gestão seguinte, sendo retomado apenas quando Brizola retornou ao governo, em 1991, também pelas mãos do povo, através do voto direto da população.
Do Portal Interior da Bahia/Fonte: Site oficial do PDT nacional
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