As cinco crianças que haviam sido adotadas por famílias do interior paulista em processos considerados irregulares pelo juiz de Monte Santo, retornaram no início da tarde desta quarta-feira (19), à cidade natal, no sertão da Bahia. Elas têm idades entre 1 e 7 anos.
Acompanhadas pela mãe, a dona de casa Silvânia Maria Mota da Silva, e por psicólogos, as crianças desembarcaram em Salvador ainda pela manhã e seguiram para Monte Santo em uma van cedida pelo governo do Estado, escoltada por agentes da Polícia Federal.
Parentes, amigos e vizinhos da família prepararam uma festa, com direito a queima de fogos de artifício e bolo, para receber as crianças e a mãe, que passaram os últimos 15 dias em período de readaptação, em um instituto de São Paulo.
De acordo com a advogada do Centro de Defesa da Criança e do Adolescente (Cedeca), Isabela Costa, que representa a família, os psicólogos e assistentes sociais que participaram do período de adaptação continuarão dando suporte às crianças, que viverão com a mãe e a avó em uma casa alugada. O pai das crianças, o agricultor Gerôncio Brito Souza, está separado da mãe e morará em outra casa. Silvânia está inscrita no programa Minha Casa, Minha Vida e aguarda ser contemplada.
O retorno das crianças à cidade natal é o desfecho de uma ação movida pelo Ministério Público baiano no início de novembro. Na denúncia, o MP apontou irregularidades no processo de adoção dos menores por parte de casais de Campinas e Indaiatuba. As crianças haviam sido retiradas de casa em junho do ano passado por determinação do então juiz da comarca, Vítor Manoel Xavier Bizerra.
O juiz Luís Roberto Cappio acolheu o pedido no dia 27 e determinou o retorno das crianças à família biológica. O caso ganhou repercussão nacional e também é investigado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Tráfico Nacional e Internacional de Pessoas, do Senado.
Ouvido na CPI, Bizerra disse que sua decisão determinando a retirada das crianças dos cuidados dos pais biológicos foi técnica, tomada com base em relatórios do Conselho Tutelar e do próprio MP - que negam ter sugerido a adoção.
Para o MP, há indícios que o magistrado integre um grupo suspeito de intermediar processos de adoção ilegal no Estado, que seria liderado pelo casal Carmen e Bernhard Topschal. Convocados para depor na CPI, eles compareceram, mas preferiram ficar calados. Em meados de novembro, os parlamentares autorizaram a quebra dos sigilos fiscal, bancário e telefônico dos acusados. (Informações do Estadão).
Do Portal Interior da Bahia
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