O presidente Lula terá de ceder mais do que desejava ao grupo do presidente da Câmara, Arthur Lira, se quiser aprovar suas principais propostas dentro do Congresso Nacional.
A avaliação é de assessores presidenciais, feita depois da derrota do governo na votação de um decreto para derrubar as mudanças no marco do saneamento básico feitas pela equipe de Lula.
Segundo assessores, Lira está com uma boa disposição para colaborar com o governo, mas quer uma reciprocidade do Palácio do Planalto. Ou seja, que seus pedidos sejam atendidos pelo governo. Recentemente, foi contrariado na indicação de um desembargador para o Tribunal Regional Federal.
Além disso, o grupo de Arthur Lira tem reclamado que o Palácio do Planalto não cumpriu o acordo firmado no ano passado, à época da votação da PEC da Transição. A equipe de Lula fechou um acordo para pagar neste ano verbas do orçamento secreto que não foram liberadas no ano passado.
O recado já chegou até Lula pelo próprio presidente da Câmara. Como o governo não se movimentou, veio a derrota na votação do decreto sobre o marco do saneamento.
Com o revés, duas mensagens foram enviadas ao Planalto. O primeiro é que o governo Lula não vai passar pautas mais alinhadas ao petismo, de caráter mais intervencionista e estatista. E o segundo, que é preciso cumprir acordos firmados e liberar as verbas das emendas parlamentares.
Até então, dentro do Palácio do Planalto, uma ala defendia que o governo não cedesse a todos os pedidos do grupo de Lira, para não fortalecê-lo ainda mais. Ou seja, não dar tanto poder ao presidente da Câmara, e não repetir o modelo adotado durante o governo Bolsonaro.
Só que a realidade mostrou que essa estratégia não vai funcionar. Uma ala do governo defende agora que Lula atraia de vez Arthur Lira para o seu lado e lembra que atender os pedidos de Lira é fundamental. Defendem ainda que, no atual modelo, não será ele quem vai fazer diretamente a liberação de recursos de emendas parlamentares, mas o Palácio do Planalto.
Nesta semana, Lula vai se reunir com seus líderes e deve conversar com presidentes de partidos aliados para dar um freio de arrumação. Depois de criticar seu articulador político, o ministro Alexandre Padilha, ele o elogiou em Londres.
A avaliação é que Padilha feche os acordos, mas a equipe ministerial não está fazendo a sua parte. Agora, Lula quer alinhar o discurso interno para evitar novas derrotas.
Do Portal NS/Por Valdo Cruz, via g1
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