O petista sabe que a ofensiva judicial, embora necessária, pode acirrar ainda mais os ânimos e convulsionar o país. Não que esteja muito preocupado com os desdobramentos sociais, mas a sanha punitivista do Supremo, impulsionada pela esquerda, acabará por transformar Bolsonaro em mártir.
Como alertou há pouco Paulo Coelho no Twitter, “espero que Lula não caia na armadilha de prender o genocida quando ele desembarcar no Brasil”. “Não transformar carrasco em vítima.” O presidente da República já percorreu a via-crúcis de ser processado, condenado e preso. Não há espaço para outro Mandela.
Lula prefere ter Bolsonaro como espantalho, repetindo a estratégia usada desde a pandemia e que lhe garantiu a vitória eleitoral, ainda que apertada. Se os aloprados bolsonaristas virarem terroristas de fato, também não haverá como indultá-los e o Nobel da Paz — que o petista tanto almeja para coroar sua biografia — ficará mais distante.
No fundo, o presidente deve muito ao rival e a seu grupo político. Em apenas quatro anos de gestão, o bolsonarismo matou a Lava Jato, enterrou o debate sobre corrupção, ajudou a reabilitar o próprio Lula, entregou a defesa da democracia à esquerda, interditou a direita no Congresso, nas ruas e nas redes sociais.
Se o movimento bolsonarista acabar, abrirá espaço para o surgimento de uma direita legítima, pragmática, não fascista. Ciente disso, Guilherme Boulos subiu num trio elétrico na segunda-feira para provocar o republicano Tarcísio de Freitas, que desponta como presidenciável para 2026. Quanto mais espantalhos melhor.
Do Portal Ailton Pimentel/Por: Claudio Dantas
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