O ano de 2022 foi o quinto mais quente da história segundo o mais recente estudo global do clima conduzido pela Nasa. A pesquisa da agência espacial americana corrobora os dados divulgados por outras grandes instituições, que também identificaram o ano passado como um dos mais ardentes já registrados.
Também divulgado nesta quinta-feira (12), o relatório da Organização Meteorológica Mundial chegou à mesma conclusão. No começo da semana, o programa de monitoramento de aquecimento global Copernicus, da Comissão Europeia, foi outro a classificar 2022 como o quinto mais quente da série histórica.
Para a Nasa, 2022 empatou com 2015 na quinta colocação do ranking dos anos mais quentes. Pelos cálculos da agência, os últimos nove anos foram os mais quentes desde que o modelo moderno de documentação foi adotado, em 1880. Eles indicam que a temperatura do planeta aumentou mais de 0,2°C a cada década. Em 2022, o valor registrado foi 1,11°C mais elevado do que a média do século 19.
Esse cenário indica que o mundo se encaminha para ultrapassar a meta estabelecida no Acordo de Paris, em 2015, que prevê limitar o aquecimento global a 1,5°C acima das temperaturas do período pré-industrial.
"Pelo ritmo em que estamos indo, não vai demorar mais de duas décadas para chegarmos a isso [aumento de 1,5°C]. A única maneira de isso não acontecer é pararmos de lançar gases de efeito estufa na atmosfera", disse o diretor do Instituto Goddard de Estudos Espaciais da Nasa, Gavin Schmidt.
Apesar dos apelos da comunidade científica, 2022 teve alta nas emissões de dióxido de carbono, mostrando a intensificação da poluição após um ligeiro período de queda provocado pela pandemia da Covid-19.
A principal fonte de emissões foi, mais uma vez, a queima de combustíveis fósseis.
Os pesquisadores destacam que 2022 foi o quinto ano mais quente da história mesmo com a ocorrência do fenômeno La Niña, que contribui para temperaturas mais baixas. Os pesquisadores estimam que o fenômeno possa ter auxiliado na redução da temperatura global em cerca de 0,06°C no ano passado. Ainda assim, 2022 foi o ano com La Niña mais quente da série histórica.
O futuro retorno do El Niño -"irmão" do La Niña, mas que favorece temperaturas mais elevadas- deve ter o efeito oposto. Para Gavin Schmidt, da Nasa, o fenômeno "provavelmente vai ser um gatilho para um novo recorde" de temperaturas em nível global em outros anos.
A Nasa chamou ainda a atenção para os efeitos do aumento global de temperaturas, que já provoca danos em todo o mundo, como o derretimento de calotas polares, aumento do nível dos oceanos e temporadas de incêndio maiores e mais prolongadas.
"Nosso aquecimento climático já está deixando uma marca: os incêndios florestais estão se intensificando, os furacões estão ficando mais fortes, as secas estão causando estragos e o nível do mar está subindo", salientou o administrador da Nasa, Bill Nelson.
A maior parte do calor extra no planeta se acumula nos oceanos e, em 2022, houve um novo recorde de temperatura oceânica. As águas mais quentes têm uma série de consequências ambientais, incluindo o favorecimento de tempestades mais intensas.
A intensificação dos fenômenos extremos também foi um dos destaques do relatório da Organização Meteorológica Mundial.
"Em 2022, enfrentamos vários desastres climáticos dramáticos que ceifaram muitas vidas e meios de subsistência, além de prejudicarem a segurança e as infraestruturas de saúde, alimentação, energia e água", disse o secretário-geral da organização, Petteri Taalas.
"Grandes áreas do Paquistão foram inundadas, com grandes perdas econômicas e de vidas humanas. Ondas de calor recorde foram observadas na China, Europa, América do Norte e América do Sul. A longa seca no Chifre da África ameaça uma catástrofe humanitária", enumerou.
Também divulgado nesta quinta-feira o relatório da Noaa (Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos EUA), que divergiu ligeiramente dos demais, classificando 2022 como o sexto ano mais quente da história.
Devido a diferenças nas fontes de dados e metodologias de análise, é comum a ocorrência de alguma discrepância entre as instituições de pesquisa. A tendência de rápido aquecimento e de aumento nas emissões, no entanto, é comum a todos os trabalhos.
Do Portal Bahia Notícias/Por Giuliana Miranda | Folhapress/Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil
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