ACM Neto tirou da cartola o nome de Ana Coelho para a vaga de vice na corrida pelo governo da Bahia. Repetiu 2012, quando fez um movimento similar com Célia Sacramento, guardadas as devidas proporções. Para evitar ainda mais celeuma no grupo político do qual se tornou líder-mor, coube ao presidente do Republicanos, Márcio Marinho, assumir o eventual ônus da indicação da empresária, presidente do Grupo Aratu e, até então, distante da cena política.
O entorno do ex-prefeito não apostava em surpresas. O caminho se desenhava assim até o dia anterior ao anúncio, quando Ana Coelho despontou e já apareceu como favorita. Ainda que ACM Neto tente negar que há um peso político na decisão da escolha, é inegável que os Coelho, que governaram a Bahia após a renúncia de Waldir Pires na década de 1980, reascenderam com a indicação dela. O tio-avô de Ana, Nilo, é prefeito de Guanambi e manteve certa influência naquela região. Dificilmente a escolha de uma figura da capital não levou em consideração esse aspecto.
A herança política dos três integrantes da chapa, completada por Cacá Leão na disputa pelo Senado, será um ponto a ser explorado pelos adversários. Ao questionamento, ACM Neto preferiu dizer que não se incomoda, ao tempo em que reforçou ser uma chapa jovem, um dos marcos que ele considera basilares para a própria estratégia eleitoral em 2022. O tom do anúncio foi de celebração. Ana foi exaltada por qualidades para além dos clichês machistas da política. E agregou mais um importante grupo de comunicação sob influência da chapa: Rede Bahia com ACM Neto e Grupo Aratu com Ana Coelho, além da Record Bahia, onde o Republicanos, partido ao qual Ana é filiada, possui ascendência implícita.
Apesar de conseguir transferir - em tese - o ônus da indicação ao Republicanos, ACM Neto terá algumas arestas para aparar. A primeira delas é, sem dúvidas, Zé Ronaldo. O ex-prefeito de Feira de Santana manteve a expectativa de ser indicado vice, mesmo que uma improvável chapa puro-sangue do União Brasil parecesse viável em um arco com 14 partidos aliados. Se Zé Ronaldo acreditou nessa hipótese, foi imaturidade política de uma experimentada raposa da cena local.
Marcelo Nilo já tinha noção que poderia ser preterido. Até março, quando o Progressistas estava do lado governista, ele era a meninas dos olhos da oposição. Porém acabou ficando menor depois que João Leão chegou e desfalcou o tripé antes divulgado como a grande base de sustentação do petismo na Bahia. Com poder de fogo menor em comparação com o canhão que veio depois, Nilo não pareceu desrespeitado. Só que os antigos aliados vão tripudiar muito diante do desejo não atendido de ocupar um lugar na majoritária - como se o PT, num gesto de bondade suprema, pudesse abrir esse espaço para ele, caso tivesse continuado no grupo.
Finalmente as cartas do baralho político da Bahia estão colocadas. Agora é saber como as mãos dos eleitores vão apertar os botões nas urnas em 2 de outubro.
Do Portal Bahia Notícias/por Fernando Duarte
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