A busca e apreensão realizada nesta segunda-feira, pela Polícia Federal no escritório do filho do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva acendeu uma luz amarela no Palácio do Planalto. A avaliação de um auxiliar da presidente Dilma Rousseff é de que tudo que atinge Lula, atinge o PT e, consequentemente, tem reflexo no governo.
Como revelou o Estado no início do mês, uma das empresas do filho do ex-presidente, a LFT Marketing Esportivo, recebeu pagamentos de Mauro Marcondes, um dos lobistas investigados por negociar a edição e aprovação da MP 471, que beneficiou montadoras de veículos.
O fato de Luis Cláudio Lula da Silva ter virado alvo da terceira fase da Operação Zelotes mudou o discurso de integrantes do núcleo duro do governo, que até então tentavam demonstrar tranquilidade em relação às sucessivas denúncias veiculadas pela imprensa envolvendo nomes ligados a Lula.
Apesar da preocupação, houve no Planalto quem se dissesse “indignado” com o fato de ter havido uma busca na empresa de Luis Cláudio. Para um ministro próximo a Lula, está claro que o objetivo dessas ações é atingir o ex-presidente e manchar o seu legado.
O Secretário-geral intermediava os lobistas
Além do filho, o ex-chefe de gabinete do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Gilberto Carvalho é apontado pela Polícia Federal como o principal interlocutor de lobistas que atuaram no governo Lula para aprovar uma medida provisória que concedeu benefícios fiscais a empresas automotivas. Gilberto Carvalho prestou depoimento nesta segunda-feira à PF, que deflagrou a terceira fase da Operação Zelotes.
Na ação, foram presos seis suspeitos de envolvimento com fraudes no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf). Também foi cumprido mandado de busca e apreensão no escritório da LFT Marketing Esportivo, de Luís Claudio Lula da Silva, filho de Lula.
Segundo a revista Época, representação da PF aponta Carvalho como o principal contato dos sócios da consultoria SGR. A empresa foi uma das encarregadas do lobby para as montadoras Caoa, Ford e Mitsubishi (MMC) no governo Lula para a aprovação da Medida Provisória 471, em 2009.
Ainda de acordo com a revista, os benefícios fiscais teriam custado às empresas R$ 36 milhões entre pagamento de propina a servidores e remuneração de lobistas para a aprovação da MP. Os documentos apreendidos na operação, de acordo com a PF, fortalecem a hipótese da “compra” da medida provisória que beneficiou empresas do setor automotivo “utilizando-se do ministro que ocupava a ‘antessala’ do então Presidente da República, Luís Inácio Lula da Silva”.
‘Amigão’ para tudo
O empresário José Carlos Bumlai, um dos maiores pecuaristas do Brasil, também está envolvido nesta lama que pode encharcar cada vez mais os caminhos do ex-presidente Lula. Bumlai já confirmou que pediu emprestado a Fernando Baiano (lobista do esquema) a importância de 1 milhão e 500 mil reais, mas justificou que “estava enfrentando dificuldades em pagar o salário de seus empregados”, uma justificativa considerada na teoria do absurdo.
Como ele conheceu e se aproximou de Fernando Baiano, que se tornou mais um dos delatores premiados do assalto à Petrobrás? Não explica. Não explica tampouco como, pouco sabendo quem era Fernando Baiano, participou com ele de um almoço com o empresário João Carlos Ferraz, levando-o até o presidente Lula em busca de uma solução para o aluguel de navios-sonda por parte da Petrobrás.
Bumlai enveredou assim por um roteiro onírico, como definem os psicólogos, sem distinção entre o sonho e a realidade. Como um dos maiores pecuaristas brasileiros precisa de míseros 1.500.000 reais para pagar os salários dos trabalhadores de suas fazendas? São várias, ele disse, quando informou como conheceu Lula: Foi um pedido do governador Zeca do PT para que o hospedasse em uma de suas fazendas. Bumlai sustentou (numa entrevista) que, depois não voltou a se encontrar com o então presidente.
Situação aumenta divergência entre Lula e Dilma
A harmonia que transparece nos encontros públicos e amplamente registrada ao longo das duas campanhas eleitorais não é mais a mesma entre a presidente Dilma Rousseff e seu padrinho político, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Os dois têm divergido claramente sobre a condução da economia e sobre a atuação dos órgãos de investigação do governo. Discussões ásperas já aconteceram tanto em reuniões no Palácio da Alvorada como também recentemente num telefonema.
Os dois estão enxergando claramente o desgaste do governo, a baixa popularidade da presidente atestada em pesquisas e o reflexo disso no PT e na imagem do ex-presidente, que já foi o líder com maior reconhecimento no país.
Mas eles divergem sobre qual a principal razão para isso. E daí vem o motivo para os embates entre os dois.
(Do Portal Interior da Bahia, com informações do Diário do Poder, Tribuna da Internet e G1).
Nenhum comentário:
Postar um comentário