A terra que não queima, arde. Em 98% dos municípios do semiárido baiano, segundo a Defesa Civil Estadual, a falta de chuvas também tem provocado prejuízos. O ano de 2012 fechou com 260 cidades em estado de emergência por conta da seca.
“É um número bastante elevado. Estamos chegando ao final do período de chuvas e o que choveu não reverteu o quadro”, diz o coordenador da Defesa Civil Estadual, Salvador Brito.
Para amenizar os prejuízos, o coordenador destaca a construção de poços artesianos, cisternas, adutoras e sistemas simplificados de tratamento de água, além da limpeza de aguadas. A previsão, no entanto, é de chuvas abaixo das médias históricas. Segundo a Seagri, o sisal está sofrendo com a estiagem prolongada, deixando as regiões produtoras com estimativa de perda de 75% da produção em 2013.
“Está muito seco e a falta de água já dura há muito tempo. Quem sofre é a zona rural” diz a moradora de Coronel João Sá, Anísia Carvalho. A cidade é uma das oito apontadas pela Cordec com seca é mais grave. Destacam-se também Macururé, Itiúba, Caetanos, Curaça e Uauá. “Os bichos estão fracos. O restinho que tinha de gado está sendo vendido”, lamenta o atendente Jaelinto Santos, 20.
Previsão ruim: trimestre de chuva abaixo da média
Os ventos que sopram do Instituto Nacional de Meteorologia não trazem boas notícias para as cidades que aguardam ansiosamente por chuvas. A previsão para os três primeiros meses de 2013 é de precipitação abaixo da média no semiárido. “Não vai ter mudança no quadro de poucas chuvas”, alerta a meteorologista Marines Oliveira. Para a Chapada Diamantina, a previsão é de chuvas dentro da média. “Vai chover o que costuma chover, mas não vai sair disso”, acrescenta Marines.
No início do próximo mês, um novo boletim com a previsão para fevereiro, março e abril deve ser divulgado. Para este final de semana, a previsão é de que podem ocorrer chuvas fracas e isoladas. “Na semana passada, na Chapada, nem chuvas fracas ocorreram”, lembra a meteorologista. Para o coordenador da Defesa Civil estadual, Salvador Brito, a “expectativa são as chuvas de março”.
Estiagem é ameaça para abastecimento de energia
Se a falta de chuvas na Bahia causa o problema da seca, a estiagem no Sudeste vem ameaçando o abastecimento de energia no país. Isso porque os reservatórios das hidrelétricas estão em níveis muito baixos. Segundo o diretor do Centro Brasileiro de Energia e Mudança do Clima (Cbem), Osvaldo Soliano, as chuvas de Goiás, Minas Gerais e São Paulo são as mais importantes para fazer subir o nível dos reservatórios.
“Chover no Nordeste não faz muita diferença, a maioria dos reservatórios fica no Sudeste e Centro-Oeste. Até Sobradinho, que fica na Bahia, é abastecida pelo Rio São Francisco, que nasce em Minas”, explicou. Soliano lembra ainda que é normal não chover no Nordeste nesta época. “As chuvas do Sudeste é que deveriam ter começado em novembro”. Ontem, os reservatórios apresentaram a primeira alta desde o início do ano. (Informações do Correio/Foto: Pedro Oliveira).
Do Portal Interior da Bahia
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