Um menino chamado Gabriel comoveu o Brasil nesta semana. No dia em que completava 3 anos foi o único sobrevivente de um grave acidente numa estrada no Espírito Santo. O pequeno Gabriel viajava com a mãe e as irmãs para encontrar o pai.
As pessoas tentam resgatar o menino. "Tio, tira eu. Tio, tira eu". "Calma Gabriel, a gente vai tirar". Mas eles pouco podem fazer. As pernas e a cintura dele estão presas. Com muita dificuldade, os bombeiros conseguem tirar o garoto.
Rodovia BR-101, próximo à cidade de Linhares, norte do Espírito Santo. Um primeiro acidente tinha interditado a pista e provocado uma fila de carros. O caminhão em que estava Gabriel, que transportava gesso, não parou e acertou em cheio a traseira de uma carreta, que carregava toras de madeira.
A cabine foi retirada. Mas está exatamente do mesmo jeito que ficou após a batida. Irreconhecível. Na cabine estavam cinco pessoas. Quatro morreram. Só o garoto Gabriel escapou com vida.
Fernando Estevão, cinegrafista da TV Gazeta Norte, afiliada da TV Globo, foi a primeira pessoa a chegar ao local do acidente.
"Você olha o carro hoje, você não acredita que saiu alguém vivo desse local aqui. Aí começamos a ouvir lá no fundo o barulho de um choro. Cheguei a pegar na mão dele, mas estava preso, tentei puxar e não consegui." Achou que ele ia morrer? "Achei."
Os bombeiros também pensaram que o garoto não iria resistir. "A gente via ele se mexendo, falando, até que num certo momento, ele não falava mais, ele deitou, abaixou a cabeça, então a gente achou que tinha perdido, a gente achou que a vida tinha sido ceifada. E quando o nosso socorrista chamou e ele voltou a si nós sentimos que tínhamos que acelerar, senão, fatalmente, ele viria a óbito no local."
Gabriel foi levado para o hospital. Ele teve arranhões no corpo, cortes na cabeça, mas, segundo os médicos não teve ferimentos graves. O trauma deixou o menino em estado de choque. Ele só quebrou o silêncio quando reencontrou a prima, que veio da Bahia. Ela disse que o menino deve ser criado pela avó.
O caso de Gabriel lembra outro, que aconteceu há dois anos com a menina Hamanda, de Santa Cruz da Baixa Verde, no sertão de Pernambuco, há 400 quilômetros do Recife. Na época, Hamanda Braz Pereira estava com 8 anos. Ela, a mãe, o pai e a irmã de 4 anos viajavam de Santa Cruz da Baixa Verde para Uberlândia, em Minas Gerais.
Numa curva da BR-050, o pai perdeu o controle da direção e capotou. Hamanda foi a única sobrevivente. Ficou presa nas ferragens e o resgate levou três horas. A própria menina tranquilizava os bombeiros.
Em Santa Cruz da Baixa Verde, a reportagem encontrou Hamanda dois anos após o acidente. Ela brinca com as amigas, não dispensa as unhas decoradas e o cabelo escovado. Ela cursa o 6º ano do ensino fundamental. É boa aluna e adora matemática. Mesmo na hora do lazer, os livros estão sempre presentes nas brincadeiras. “Gosto de brincar de escolinha com minhas amigas”.
A psicóloga Rose Maria Ramos explica o que fazer para que crianças superem traumas como esse. “É importante que viva isso intensamente, que chore, que se desmanche em lágrimas se necessário, mas que passe por isso e que não fique se martirizando com isso o tempo inteiro”, afirmou a psicóloga.
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