Preso durante a Ditadura Militar, o cantor e compositor Caetano Veloso disse neste sábado (6) que os 54 dias que passou encarcerado apagaram a atração que ele sentia por outros homens. O artista baiano foi uma das atrações do penúltimo dia da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) 2020, e entre os temas discutidos esteve o binarismo sexual e de gênero. As informações são de reportagem do jornal O Globo.
Caetano passou 54 dias preso sob a acusação de ser um cantor “subversivo e desvirilizante”. O artista narra algumas das situações vividas no período no documentário “Narciso em Férias”, gerado a partir do conteúdo do livro intitulado da mesma forma e lançado pela Companhia das Letras.
Na Flip, Caetano contou que o título foi inspirado em um livro de F. Scott Fitzgerald.”Fiquei numa solitária. Depois de alguns dias sem ninguém falar comigo, deitado no chão, houve uma espécie de apagamento do meu reconhecimento de mim mesmo. Senti que Narciso estava, de fato, em férias”, lembrou.
Em outro ponto da participação na Flip, traz a reportagem, Caetano narrou alguns dos efeitos da prisão na sexualidade dele. “O espaço muito masculino da prisão militar causou outro apagão no Narciso aqui, que foi da atração sexual e sentimental por homens. Fiquei com uma rejeição sexual em relação à figura dos homens, que eu não tinha”, lembrou o artista.
A participação de Caetano Veloso na Flip foi uma das mais aguardadas. A mesa foi chamada de “Transições”, a conversa foi gravada anteriormente e contou com a mediação do jornalista mexicano Ángel Gurría-Quintana, traz O Globo.
Do Portal NS
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