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quarta-feira, 21 de agosto de 2019

Há 30 anos morria em SP o astro do rock brasileiro Raul Seixas

“Vem! Mas demore a chegar/ Eu te detesto e amo/ Morte, morte, morte que talvez/ Seja o segredo desta vida…” O trecho é da canção Canto para minha morte, de Raul Seixas, do álbum Há 10 mil anos atrás, lançado em 1984. A morte, de fato, não demorou muito a chegar. Cinco anos após esta música, ela alcançou o Maluco Beleza, em 21 de agosto de 1989.

Hoje, completam-se 30 anos da morte de Raul dos Santos Seixas, um dos pioneiros do rock no Brasil. Raulzito, considerado por muitos o pai do rock brasileiro, até hoje exerce influência em novos e antigos cantores. A clássica pedida, que costuma acontecer em vários shows de outros artistas, ainda vive: “toca Raul!”
Raul Seixas nasceu em Salvador (Bahia) em 28 de junho de 1945. Durante a infância idolatrava o Rei do Rock, Elvis Presley, principal influência na carreira musical. Em 1967, embarca na carreira musical com o grupo formado por ele, Eládio Gilbraz, Mariano Lanat e Carleba, chamado Raulzito e os Panteras.
A convite de Jerry Adriani, Raulzito e os Panteras vão ao Rio de Janeiro para gravar o primeiro e único álbum do grupo. Na cidade maravilhosa, Raulzito passa por muitos perrengues, como bem retrata na canção Ouro de tolo, composta por ele neste momento da vida. 
“Eu devia estar alegre e satisfeito/ Por morar em Ipanema/ Depois de ter passado fome por dois anos/ Aqui na cidade maravilhosa”, trecho da música Ouro de tolo.
Dono de um estilo musical único, Raul compõe Let me sing, let me sing, em 1972, em que o baiano mistura o estilo de duas figuras importantes em sua formação musical: o baião de Luiz Gonzaga e o rock de Elvis Presley. A canção chegou à final da última edição do Festival Internacional da Canção, em 1972, e revelou Raul Seixas ao público brasileiro.
Durante a década de 1970, Raulzito se une a Paulo Coelho e, juntos, compõem grandes clássicos da música brasileiras como GitaTente outra vezEu nasci há dez mil anos atrás, entre outros. Apesar de esse ter sido o melhor período de Raul, foi também o mais complicado, afinal, a ditadura militar perseguia com afinco artistas e os censurava. Raul Seixas foi torturado nesta época e teve que ser exilado para os Estados Unidos. Lá ele, supostamente, encontrou-se com John Lennon.
Com a chegada dos anos 1980, a decadência começa. O abuso do álcool e outras drogas se acentuam, a ponto do artista chegar bêbado para apresentar-se em shows. Apesar da má fase, ele ainda conseguiu emplacar músicas como Carimbador maluco, gravada para o especial infantil da Rede Globo, Plunct, plact, zuuumMetrô linha 743, canção com profundas críticas à ditadura militar “Eu quero é saber o que você estava pensando/ Eu avalio o preço me baseando no nível mental/ Que você anda por aí usando/ E aí eu lhe digo o preço que sua cabeça agora está custando”.
No fim da carreira, Raul se junta ao cantor Marcelo Nova, da banda Camisa de Vênus. Eles lançam juntos o último álbum da carreira do Maluco Beleza enquanto estava vivo, A panela do diabo, em 1989. Um verdadeiro sucesso em meio ao conturbado período dos anos 1980. 
O último show do eterno Maluco Beleza foi na capital federal, uma semana antes da morte lhe alcançar. Raul Seixas foi encontrado morto no apartamento em que vivia em 21 de agosto de 1989, vítima de uma parada cardíaca, causada pela pancreatite aguda fulminante, resultado do abuso do álcool.

Mesmo morto, Raul permanece eterno. Ele, que já foi a mosca zumbizando em sua sopa, que reclamou só por reclamar, falou sobre disco voador e da metamorfose que era, também foi maluco beleza e garimpou ouro de tolo, permanece em evidência, seja nas trilhas sonoras das novelas, nos shows com os gritos “Toca Raul!” e tributos de artistas que foram e são influenciados por ele. Raul Seixas estava à frente do próprio tempo e nos deixou um legado que se encaixa perfeitamente na atualidade. (Fonte: Correio Braziliense).
Do Portal Interior da Bahia

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