Especialistas consultados pelo site Bocão News acreditam que o mais provável é que haja um segundo turno entre o candidato do PT à presidência da República, Fernando Haddad, e o deputado federal Jair Bolsonaro (PSL). A menos de um mês para as eleições, eles não acreditam que os eleitores do militar da reserva migrem para o tucano Geraldo Alckmin.
“Os votos de Bolsonaro não vão mais migrar para Alckmin. No cenário de agora, o que se vislumbra é segundo turno entre Haddad e Bolsonaro. É um voto anti-PT, de ódio à esquerda. As pessoas veem Bolsonaro como vítima de um ódio que a esquerda supostamente propagou”, avalia o historiador político da Universidade Federal da Bahia (Ufba) Carlos Zacarias.
De acordo com o professor, embora o PT tenha errado ao demorar em apresentar Haddad como candidato, a maior parte dos votos de Lula deve migrar para o ex-prefeito de São Paulo.
“Haddad vai tentar ser Lula. O PT percebeu a força que Lula permanece tendo. E Haddad vai tentar usufruir desse benefício. Em que medida ele vai herdar esses votos é o que não sabemos. Mas a demora do PT em decidir fez com que esses votos procurassem outros assentos, principalmente a candidatura de Ciro Gomes”, pontuou.
Desafios - Para o cientista político e também professor da Ufba Joviniano Neto, Haddad tem dois obstáculos: tornar-se conhecido como o indicado de Lula na disputa e conseguir empatia entre os eleitores mais pobres. “Mas um defeito de Haddad que pode servi-lo caso ele seja presidente é a imagem de professor e intelectual, que o ajudará a ter o apoio na classe-média”, ressaltou.
Para o docente, no entanto, a transferência de votos será o bastante para que o petista seja alavancado para o segundo turno. “A maior parte de quem vai votar em Haddad é porque é o candidato de Lula”, avalia.
Ambos os especialistas não acreditam na ascensão de uma terceira via, como Ciro Gomes (PDT) ou Marina Silva (Rede). Para Zacarias, a conjuntura política do país permanecerá instável após as eleições, independentemente do partido que assuma o Palácio do Planalto.
“Não há candidato que possa pacificar o país. Não acaba o ódio que se mobilizou contra o PT. Esse quadro de confronto vai permanecer. A oposição será muito hostil, independentemente de ser de direita ou de esquerda”, acredita.
Na avaliação de Neto, “no clima atual, não há perspectiva para se pensar em terceira via”. “Política se faz de alternativas viáveis”, sentenciou.
Do Portal CS
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