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terça-feira, 13 de setembro de 2016

Cunha não ficará calado

Cunha não ficará calado
Foto: Lula Marques/ AGPT
Definida a cassação do mandato do ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), em torno da meia noite de ontem, com extravagantes 450 votos contra 10, a ele restou reunir-se com a imprensa numa coletiva para o que será uma das últimas entrevistas que dará. 

Nada tem mais a dizer, a não ser denunciar os muitos que o traíram, como assim entende. Além disso, acumulou fatos do período em que comandou a presidência da Casa. Reuniu provavelmente informações que certamente estão guardadas como munição para o futuro. Aos jornalistas disse ainda que irá publicar um livro que concluíra no mês passado. 

O livro, segundo ele, é consequência de conversas sequenciadas com os seus ex-amigos deputados em torno do impeachment de Dilma Rousseff. Gabou-se que não registrou nada do que ouviu por ser homem de boa memória privilegiada. Ao mudar de um polo a outro, passou a dizer que foi “traído” por Michel Temer por ter apoiado para a presidência da Câmara o deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), e não Rogério Rosso (PSD-DF), um dos poderosos nomes do “centrão” que Cunha comandou. 

Temer naturalmente preferiu Rodrigo Maia porque era mais interessante para ele. Foi o atual presidente da Câmara que deu a ordem de presença aos deputados para o processo de cassação. Conseguiu levar à sessão 470 deputados federais, um número expressivo, principalmente nas circunstâncias que no momento ocorre com as campanhas eleitorais nos municípios. 

Se Rosso tivesse sido eleito, Eduardo Cunha teria em quem se apoiar. As suas chances de escapar seriam maiores. Ele entendeu, assim, que o presidente atual, ao convocar os deputados maciçamente para a sessão que determinou antecipadamente a sua cassação, marcou o seu fim. 

O “centrão” se dispersou, é verdade, mas Cunha esteve sempre em desvantagem, a começar com a decisão do Supremo Tribunal Federal ao afastá-lo da presidência da Câmara. Desse modo, Michel Temer caminhou na sua própria direção e não na direção de Eduardo Cunha. 

Por fim, quem passa a estar em dificuldades é o deputado baiano Jonga Bacelar, um dos baluartes que se empenhou mais do que deveria no apoio ao cassado. Poderá ficar com problemas para a sua futura eleição se é que pretende se candidatar. 

Do Portal Bahia Notícias/por Samuel Celestino

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