Como um redemoinho, a dúvida atordoa candidatos e analistas políticos: Marina Silva (PSB) é uma cabeça d'água que se ergueu e escoará ou apenas se estabeleceu no patamar equivalente ao cabedal político que detém? Se cabeça d'água, Marina deve recuar nas próximas semanas, por ter exposição menor de televisão e fluxo menor de dinheiro dos financiadores de campanha. Se Marina está apenas de volta a seu platô político, a pergunta passa a ser qual chance tem de avançar sobre os espaços adversários.
Dados da mais recente pesquisa Ibope permitem mensurar esses sentimentos. Quando questionados se podem mudar de voto até o final da campanha, dizem sim 45% dos eleitores de Aécio Neves (PSDB), 43% dos de Marina e 32% dos de Dilma Rousseff (PT). Marina e Aécio correm riscos quase equivalentes de perderem pontos. Considerando sua base atual de intenção de votos, os eleitores flutuantes de Marina representam 12 dos seus 29 pontos. Os flutuantes de Aécio somam 9 dos seus 19 pontos. Dilma tem taxa menor de eleitores flutuantes, mas, como tem a maior base, tem em risco 11 dos seus 34 pontos. No placar dos eleitores que dizem não ter chance de mudar de voto, Dilma tem 23%; Marina, 17%; e Aécio, 10%.
Marina tem uma vantagem na disputa por ser uma opção tanto para oposicionistas quanto para quem mantém tolerância em relação ao governo federal. Entre os que acham o governo ruim, Marina lidera com 43%; Aécio fica com 30%. Ou seja, Marina é vista como a melhor oposicionista, tirando votos de Aécio. Entre aqueles que acham o governo regular, Marina aparece com 35%, Dilma com 25%; e Aécio com 21%. A candidata do PSB enfraquece tanto Dilma como Aécio. É um cenário muito favorável a ela, mas produz ambiguidade no discurso. Marina não pode elogiar Dilma para não perder o voto oposicionista nem criticar demais para não perder o apoio dos que consideram o governo regular.
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É a própria terceira via, a versão política da terceira margem do rio, tema de um conto de Guimarães Rosa. No conto, um homem desiludido decide romper contato com a família e a sociedade mantendo-se remando. Como cruzar de uma margem a outra o faria chegar a algum lugar, obrigando a algum tipo de contato, decide subir e descer o rio continuamente. A terceira margem é assim margem nenhuma.
O desafio de Marina é manter-se como o remador de Guimarães Rosa. Remar para cima e para baixo, sem chegar a lugar algum. Ao menos até a eleição passar, quando terá de aportar. Ao optar por uma das margens do rio que cruzou, deverá explicações à margem que abandonou.
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Do Yahoo - Por Plínio Fraga | Plínio Fraga
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