Comandado por um interventor judicial há 40 dias, o Bahia se tornou o primeiro time da elite do futebol brasileiro a instituir, em estatuto, remuneração para o presidente e a lei da "ficha limpa" para as eleições do clube.
As inovações foram aprovadas em assembleia de sócios, no sábado, que levou mais de 3.000 pessoas às arquibancadas da Fonte Nova e também adotou as "diretas já", sem nenhuma participação do Conselho Deliberativo - como ocorre na maioria das agremiações do país.
"A democracia é o que vai salvar o Bahia", diz o interventor Carlos Rátis, que substitui o presidente Marcelo Guimarães Filho, afastado pela Justiça por irregularidades no pleito que o reelegeu, em dezembro de 2011.
Entre as suas principais medidas, vistas como "revolucionárias" em um clube em crise técnica e financeira, Rátis reduziu o valor da taxa de adesão para o novo associado de R$ 300 para R$ 10.
No primeiro dia de campanha, foram quase 10 mil filiações, ante 2.700 no lançamento do plano de sócios do Flamengo, dono da maior torcida do Brasil, em março. Até o governador do Estado, Jaques Wagner (PT), e o prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), participaram.
Mergulhado em dívidas, o Bahia já somou mais de R$ 1 milhão com o plano e conseguiu pagar pendências salariais do elenco que se acumulavam desde maio.
Rátis, um advogado de 35 anos, que é mineiro e não era nem fã de futebol, passou a ser uma das figuras mais midiáticas da cidade, tietado pela torcida e com nome gritado nas arquibancadas. Mas seu "mandato" está perto do fim: no dia 7 de setembro, ocorrerá o pleito que escolherá um cartola-tampão por um ano e quatro meses, com direito a urnas eletrônicas.
Na mesma data, haverá a definição dos 100 conselheiros (antes eram 300), agora eleitos de maneira proporcional, que serão os responsáveis pela fixação do valor do salário.
"As novidades do Bahia são uma grande evolução, e espero que outros clubes sigam o exemplo", diz Fábio Cruz, especialista em direito desportivo. "A ausência de salário para os presidentes é uma porta aberta para a corrupção, para o desvio de dinheiro ou para a má administração das equipes", afirma.
A estratégia dos clubes é figurar na relação de entidades sem fins lucrativos e, com isso, receberem isenções fiscais do governo. Do contrário, perderiam esse benefício.
A obrigação de dirigentes apenas "amadores" chega a constar no regimento de clubes como Botafogo e Flamengo, embora a maioria permita o pagamento de valores a membros da diretoria.
Alguns possuem estatutos que proíbem a candidatura de pessoas com condenação judicial, mas sem seguir exatamente os mesmos moldes da Lei Complementar nº 135, promulgada em 2010, conhecida como "ficha limpa". (Informações da Folha de S. Paulo).
Do Portal Interior da Bahia
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