Moradores da cidade de Serrinha reclamam dos transtornos causados pela constante falta de água. Na última semana, a reportagem do Portal Cleriston Silva – PCS – recebeu 24 reclamações sobre problemas no abastecimento. Aliás, essa relação entre consumidores serrinhenses e o serviço prestado pela Embasa (Empresa Baiana de Águas e Saneamento) é conflituosa e não é de hoje.
A situação é atual e fica ainda mais grave quando no meio de uma pandemia que exige medidas de higienização frequente dos espaços, das roupas e do corpo para garantir a saúde e prevenção contra um vírus que já matou quase 10 mil pessoas no estado. E mesmo no meio da pandemia, a cidade com mais de 81 mil habitantes convive com abastecimento irregular de água potável.
O autônomo Arthur Nascimento, de 56 anos, morador do bairro Urbis II, é um dos cidadãos que sofre com a falta de água na cidade. Sem o fornecimento da embasa, ele conta com uma cisterna própria para ter abastecimento em sua casa e ajudar alguns vizinhos. São muitos os relatos de pessoas que já passaram 15, 17 e até 20 dias sem ver uma gota sequer saindo de suas torneiras - mesmo com as contas pagas em dia.
"A última vez que caiu água aqui faz 15 dias na sexta-feira (29) e sabe lá Jesus que dia vai cair. A situação é horrível e, para piorar, a comunicação da Embasa é zero. Mesmo quando tem algum dano no encanamento ou problemas nos poços eles não avisam, não dão um informe para a população ficar atenta", disse.
Como se já não fosse o bastante, a falta de água não é o único problema: até quando cai, a população que mora na parte alta do bairro sofre. É que quando a água chega não tem força suficiente para encher as caixas. "Aqui na Urbis a água só cai dois dias. E tem outra, primeiro tem que encher tudo lá em baixo para depois chegar na parte alta. De repente, quando começa pingar aqui, vai embora", conta.
A manicure Elaine Cristina, de 28, mudou para o bairro Cidade Nova há seis meses e esperava ter uma vida nova e não ter que ficar por até 15 dias sem água. Ela tem sido obrigada a encher os galões de água na casa da mãe para fazer comida e matar a sede. Para o restante das atividades, a família tem que dar um jeito. "Para cozinhar estou comprando a água e não tem condição. A minha conta de água é cara e está em dia", conta.
Sem água não há como cozinhar, lavar roupas, limpar casa, usar o banheiro, matar a sede nem tomar banho. Em uma casa são dois adultos e três crianças. Louça e roupas sujas de cinco pessoas. Rosicélia Clarindo, de 44, que é moradora do bairro Novo Horizonte, tenta separar o que está acumulado e lavar apenas o que costuma utilizar com mais frequência. "Temos que tomar banho de canequinha, de balde. Não dá para viver sem água. Descaso total, porque você não está pedindo, não está se humilhando para ter esse serviço de graça. Você está pagando e, quando a gente paga, a gente quer ser bem atendido", reclama.
Já a vendedora Andréa Pereira, de 30, tem filhos pequenos e tem medo que uma hora não tenha sequer louças limpas para fazer comida. Ela conta que já procurou várias vezes o escritório local da Embasa, mas não conseguiu nenhuma resposta positiva. "Dizem que estão tentando ver se conseguem, que é problema disso, problema daquilo, mas nunca solucionam", afirma.
A técnica de enfermagem Lívia Cardoso, de 29, moradora do bairro da Rodagem, está na mesma situação. A rotina dela é puxada, com afazeres durante todo o dia desde muito cedo. E toda essa labuta não acaba nem na hora que chega em casa para descansar porque precisa ir a outra rua do bairro para buscar água na casa de uma amiga.
"Eu sempre vou na casa de minha amiga para dar banho no meu filho e trazer água para casa. Estamos sem água até para beber. Um absurdo. Eu moro aqui há três anos e sempre teve esse problema. Sempre. É humilhante, muito triste e injusto. Como é que uma pessoa vive sem uma gota de água em casa?", questiona.
Com a pouca quantidade de água, tudo é racionado. Lívia conta que coisas simples como abrir o chuveiro são simplesmente impossíveis em sua casa. Tomar um banho com esse "luxo", custa o sacrifício de não poder lavar uma roupa ou um copo que seja durante quase uma semana. "A gente tem que economizar em tudo. Toma banho de caneca, lavar um prato do mesmo jeito. É algo insuportável", conta.
Apesar do problema com o abastecimento, as cobranças chegam em dia. Lívia conta ainda que já recebeu a fatura, no valor de R$ 63,00, para ser paga até o próximo dia 5 de fevereiro. Suas torneiras não viram uma gota de água sequer depois do dia 15 de janeiro de 2021.
Arthur diz que a sua última fatura veio com a cobrança de um valor referente a 18 m³ de consumo de água - o maior dos últimos 4 meses. Segundo ele, o último mês chegou a quase 20 dias seguidos sem fornecimento. O Portal Cleriston Silva não conseguiu contato com a Embasa.
Do Portal Clériston Silva
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