As últimas pesquisas de opinião do Ibope e do Datafolha divulgadas nesta quarta-feira (3) reafirmam que, mantidos os três candidatos na disputa, haverá segundo turno entre Dilma e Marina, com favoritismo da candidata do PSB.
Sem dúvida a vítima mais imediata da reviravolta eleitoral é Aécio. O tucano caiu nas pesquisas e perdeu eleitores onde as oposições são mais fortes: no Sudeste e entre eleitores mais escolarizados ou com renda mais elevada. Em uma semana, segundo o Ibope, Aécio caiu 4 pontos, chegando agora a 15%, contra 37% de Dilma (que recuperou três pontos em relação à pesquisa anterior de final de agosto) e 33% de Marina (subiu 4 pontos).
É possível ver o efeito Marina sobre Aécio comparando números atuais com os de julho, antes da morte de Eduardo Campos. No Sudeste Aécio tinha em julho 27%, agora tem 18% segundo o Datafolha; perdeu também no Nordeste, onde nunca chegou a ser forte: foi de 10% em julho para 5% em setembro.
Mas o terremoto provocado pela entrada de Marina também se aproxima de um eleitorado (Nordeste e mais pobres) que vem se mantendo fiel ao PT desde 2006, e que alguns analistas associam ao fenômeno do “lulismo”. Se Dilma se manteve estável no Nordeste nos últimos dois meses, com 48% das intenções de votos segundo o Datafolha, a diferença entre ela e seus adversários caiu bastante com a entrada de Marina. Em julho Dilma tinha mais do que o dobro dos adversários somados (Aécio e Eduardo Campos); com a chegada de Marina (33%), a diferença para os adversários caiu para 10 pontos. É pouco, já que a petista perde em outras regiões importantes como o Sudeste e dependeria de uma margem larga no Nordeste para ser reeleita.
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Ganhar com vantagem expressiva no Nordeste e entre os eleitores de menor renda era a aposta de Dilma para a reeleição. A entrada de Marina mudou o jogo.
A perda (até aqui relativa) de força de Dilma no Nordeste coloca a questão: e agora, Lula? Como se sabe, e conforme pesquisas, Lula é o eleitor mais influente do país, em especial no Nordeste e entre os eleitores de renda mais baixa. São estes eleitores que votaram de forma maciça nele em 2006 e o seguiram em 2010 quando este sustentou a candidatura Dilma. Reside neste eleitorado, também, os ecos do legado de Lula como presidente, que encerrou seu segundo mandato com altos índices de aprovação.
Será interessante ver como Lula reaparecerá daqui para frente no horário eleitoral, possivelmente repaginado. Talvez olhando menos para o passado – como fez até agora na TV - e mais para o presente e futuro, indicando ao eleitor, quem sabe, como seria seu ativismo em um eventual segundo mandato de Dilma.
Ao que parece, Lula precisa se reposicionar na campanha de TV para dar conta da nova situação pós-Marina, de modo que sua presença na tela possa, de fato, alterar tendências de voto a favor de Dilma. Não será fácil. Muitas vezes, é tênue a linha que separa o sucesso do fracasso. Sobre esta linha estará Lula na TV nos próximos 31 dias de campanha. A política é feita de cálculos e políticos como Lula são mestres no assunto. Cautela pode ser a palavra do momento.
Do Yahoo - Por Rogério Jordão | Rogério Jordão
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