O senador Aécio Neves (PSDB-MG) teve sua candidatura à Presidência da República oficialmente formalizada na manhã deste sábado durante convenção nacional do PSDB, realizada no Pavilhão Azul do Expo Center Norte, em São Paulo. A candidatura foi aprovada por 447 dos 451 delegados da legenda.
Aécio chegou de mãos dadas com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, acompanhado pelo governador de São Paulo Geraldo Alckmin e por José Serra. Ele disse ter chegado a hora do “reencontro com a decência no país” e afirmou acreditar que uma “tsunami” poderá tirar o PT do governo em outubro:
“A cada dia que passa, por cada região por onde ando, percebo não só uma brisa, mas uma ventania por mudanças. Um tsunami que vai varrer do governo federal aqueles que lá não têm se mostrado dignos e capazes de atender às demandas da população brasileira”, disse Aécio.
Na convenção, Fernando Henrique foi tratado como um dos principais cabos eleitorais da campanha tucana. Logo após sua chegada, foi exibido um vídeo exaltando conquistas de seu governo, como o Plano Real e o início de programas sociais de combate à pobreza. O mesmo filme afagou José Serra, desafeto de Aécio dentro do partido. Foram mencionadas conquistas de seu período à frente do Ministério da Saúde, como a política de combate à Aids e de fomento aos medicamentos genéricos. Os dois temas foram citados no discurso do candidato.
O ex-presidente e avô de Aécio, Tancredo Neves, morto em 1985, também foi lembrado no encontro: no meio do discurso de Aécio, foi exibido um vídeo com imagens do poeta Ferreira Gullar lendo texto escrito em homenagem a Tancredo.
“Se o presidente Juscelino (Kubitschek) permitiu 60 anos atrás o reencontro do Brasil com o desenvolvimento e a modernidade, coube a Tancredo, 30 anos depois, permitir que a gente se reencontrasse com a democracia e a liberdade. Outros 30 anos se passaram e vamos conduzir o Brasil ao reencontro com a decência”, afirmou Aécio, que defendeu a paternidade do PSDB em programas sociais e fez duras críticas à atuação do governo federal na área econômica.
“Quem foi contra o plano real é quem hoje permite a volta da inflação - disse o tucano, que acusou o PT de aniquilar “o mais valioso patrimônio construído por gerações de brasileiros, a Petrobras”, e convocou a militância para ir às ruas “por um tempo novo”.
Para Aécio, a história do país ainda será revisitada: “Pelo menos numa coisa nossos adversários mantiveram a coerência. Quem foi contra o Plano Real e a Lei de Responsabilidade Fiscal é quem hoje permite a volta da inflação e assina a maldita contabilidade criativa. São os que dividem o Brasil de forma perversa entre nós e eles”. discursou Aécio.
O tucano afirmou ver no governo “inegável pendor autoritário e intervencionista”, elementos que seria motivo de desalento para a população. Disse que o povo teria acreditado no discurso da ética, defendido no passado pelos adversários. Para ele, hoje o PT e o governo protagonizam os mais "vergonhosos casos de corrupção" no país.
“O Governo do PT vive da propaganda daquilo que não fez”, disse Aécio.
Aproximação com o povo
Em um dos discursos mais aguardados da convenção, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou que o país está cansado de “empulhação” e fez um chamamento ao PSDB para que se aproxime do povo.
“As urnas clamam, querem mudança. Elas cansaram de empulhação, corrupção, mentira e distanciamento entre o governo e o povo. Nós temos que ouvir o povo, estar mais próximo do povo. Ganhar a confiança do povo. A caminhada do Aécio será essa”, afirmou o tucano que usou palavras fortes para se referir ao PT, como “ladrões” e “farsantes”.
Para FH, “não dá mais” para lidar com os adversários à frente do governo: “Não dá mais. Ninguém aguenta mais isso. Chega. A gente sente que não adianta mais. Não adianta mais repetir o que sabemos que não é certo. A mudança está começando a se concretizar. Não são ideias só, são ideias encarnadas em pessoas. Hoje é Aécio o futuro presidente”, disse Fernando Henrique, para quem Aécio seria “um líder jovem” para sentir “de perto o pulsar das ruas e se dedicar de corpo e alma ao povo”.
O líder tucano tocou também num tema que já custou muito caro ao PSDB em eleições passadas e acusou o PT de mentir quando acusa os tucanos de serem privatistas.
“O povo quer respeito e consideração. O povo cansou de comiseração. Quantas vezes ouvi que eu queria privatizar a Petrobras. Mentira. Eles sabem que é mentira. Nós queríamos transformar a Petrobras de uma repartição pública numa empresa dos brasileiros. O que eles fizeram? Nós queremos de novo que as estatais sejam em benefício do povo“, firmou.
Críticas ao PT
O ex-governador de São Paulo José Serra chamou Aécio de “futuro presidente do Brasil” e garantiu que partido está unido em torno da candidatura do senador.
“O Aécio sempre a qualidade de juntar as melhores pessoas para seu governo. Damos aqui um passou muito importante para a vitória. O PSDB e seus aliados chegam unidos para essa disputa. Quanto mais mentiras eles disseram, mais verdades diremos sobre eles”.
Serra disse que o país vive um “milagre perverso” com o governo do PT e, ao final de seu pronunciamento, foi recebido por Aécio, que levantou-se e foi até o púlpito onde Serra estava para agradecer com um abraço e poses para fotos.
“Economia estagnada, inflação aumentando e investimento caindo. Vamos convir que para se chegar a isso tudo é preciso que o governo atue com grande incompetência metódica, convicta e com muito talento”, criticou Serra.
Assim como o ex-governador tucano, o senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB) acusou o PT de divulgar propagandas mentirosas. “Estamos “por aqui” com o PT e seu jeito autoritário de governar, a maneira despótica de tratar os adversários, a propaganda mentirosa que nos vende um país que não existe e os blogs mercenários pagos com dinheiro público”, disse Nunes Ferreira, que é cotado para ocupar a vaga de vice na chapa de Aécio.
Aliados
Para representar os partidos aliados de Aécio na convenção, discursaram o deputado Paulo Pereira da Silva (SD) e o senador José Agripino Maia (DEM).
Paulinho acusou o governo do PT de “roubar desde lá de cima até embaixo”. Disse que a presidente Dilma Rousseff teria sido vaiada durante a abertura da Copa em São Paulo, na última quinta-feira, por ter mentido em pronunciamento de TV exibido na véspera do jogo, segundo ele.
“Chegou numa situação que o povo não vaia mais, esculhamba! Por que isso acontece? Porque ela vai na TV mentir. E quando ela aparece em público, o povo mandou ela para o lugar que devia mandar”, discursou Paulinho, que encerrou sua fala pedindo que a plateia se levantasse para cantar o Hino da Bandeira.
O senador José Agripino lembrou ter conhecido Aécio Neves quando ele ainda era secretário do avô Tancredo. Disse ter rompido na época com o PDS, legenda ligada aos militares, para apoiar Tancredo.
Agripino disse sentir na convenção “cheiro de vitória”. “Aécio tem a coragem política e cívica para fazer o que precisa ser feito. Se fez em Minas, vai fazer pelo Brasil”, disse Agripino, mencionando o ajuste fiscal implantado pelo tucano ao assumir o governo mineiro pela primeira vez, em 2003.
Família
O candidato do PSDB à Presidência estava acompanhado na convenção por sua filha, Gabriela Neves, e pela mãe, Inês Maria, filha do ex-presidente Tancredo Neves. A mulher do tucano, Letícia Weber, está hospitalizada em clínica do Rio de Janeiro, onde deu a luz aos filhos com o senador, que nasceram de forma prematura.
Vídeo exibido na convenção homenageou tucanos que já morreram, como Franco Montoro, Sérgio Motta, Mário Covas, José Richa, Sérgio Guerra, Ruth Cardoso, Dante de Oliveira e Almir Gabriel. Teotônio Vilela também apareceu no filmete.
O primeiro jingle de campanha também foi lançado no evento. “Aécio é o melhor para a gente / Aécio nosso presidente / Aécio presidente do Brasil / Aécio, a gente quer você”, diz a canção, que será tocada até a exaustão até outubro.
Do Portal Interiro da Bahia/Fonte: O Globo
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