O
entregador de gás William já sabe. Setembro é mês de ouvir desaforo dos
clientes por conta do reajuste anual no preço do gás de cozinha (GLP). Esse mês
não vai ser diferente, e as distribuidoras já estão reajustando o valor do
botijão em até 6,25%, de acordo com um levantamento feito ontem pelo CORREIO,
em cinco galpões da capital baiana.
Na
distribuidora em que William trabalha, no Vale das Muriçocas, um botijão da
Brasilgás custa atualmente R$ 37, ou R$ 42 incluindo o serviço de entrega. Mas
ele já se prepara para, a partir de segunda-feira, começar a ouvir reclamação,
por conta do aumento de R$ 2 (4,76%). “Quem sofre é o vendedor. O cliente diz
que sou ladrão, reclama que está tudo subindo de preço…”, desabafa.
O
reajuste nas outras distribuidoras pesquisadas será o mesmo em valores
absolutos: R$ 2. Mas varia em termos percentuais, pois cada marca pratica um
preço diferente.
O
galpão da Nacional Gás, na Fazenda Grande, por exemplo, já aumentou, desde
sábado, o preço para R$ 36 (R$ 40 com o serviço de entrega). Já o Galpão 3, em
São Caetano, aumenta amanhã o preço do botijão da Liquigás, que passará a
custar R$ 34 (R$ 37 com a entrega). “Já veio o aviso. Vamos mudar os preços no
dia 7 (sexta-feira)”, conta o gerente da Federação Gás, na Federação. Ele
explica que o reajuste sempre acontece em setembro porque é o mês do dissídio
da categoria.
Justificativa
Procuradas, a Ultragaz (responsável pela Brasilgás na Bahia) e a Liquigás (revendedora da Petrobras) informaram que não iriam se pronunciar, e que qualquer questionamento sobre o assunto deveria ser feito com o Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Gás Liquefeito de Petróleo (Sindigas).
Em
nota, o Sindigas informou que “os preços do gás são livres em todos os elos da
cadeia. Não há tabelamento e, por isso, os preços sofrem variações para cima e
para baixo de maneira não uniforme”. Sobre a composição do reajuste, o
sindicato diz que “as pressões por aumento de preços podem ser decorrentes em
função de aumento de custos, como frete e pessoal, mas o mercado reage de forma
independente. Como o mercado tem autonomia para fixar seus preços, cabe ao
consumidor pesquisar aquele revendedor que tem condições comerciais mais
vantajosas”.
E
é isso o que o consumidor faz, segundo o gerente do Galpão 3, Gervásio Batista.
“Nos primeiros oito, dez dias (depois do aumento), o negócio é ruim, as vendas
são pequenas… O cliente reclama e fica um tempo sem comprar. Mas depois ele se
acostuma”, conta.
A
dona de casa Maria Inês dos Santos não pensa assim. “Já acho o gás tão caro.
Vai ficar mais puxado pro meu orçamento”, conta ela, que ainda tem um botijão
cheio em casa, mas vai comprar outro para aproveitar o preço antes do reajuste.
“Vou deixar um na reserva”, diz.
A
dona de casa conta ainda que, para economizar o gás de cozinha, ela não faz
comida todos os dias. “Faço um dia e, como minha família é pequena, a gente
come a mesma comida nos outros dois dias”. Dá certo, pois um botijão na casa de
Maria Inês dura cerca de um mês e meio. Confira ao lado mais dicas para fazer o
seu botijão render mais.
Aumento geral
Não é só na Bahia que o gás vai custar mais caro nos próximos dias. Em cidades de todo o Brasil, a notícia é bem semelhante. Em João Pessoa (PB), por exemplo, o preço médio do botijão passou de R$ 35 para R$ 37 desde ontem. Lá, o reajuste oscilou entre 3,8% e 6%, a depender da distribuidora.
Já
em Florianópolis (SC), o preço é bem mais salgado. O botijão que custava, em
média, R$ 48, já ultrapassa os R$ 50 desde sábado, chegando a ser vendido por
R$ 54 em alguns lugares.
Na
Bahia, a Brasilgás detém 50% do mercado, mas o estado também é abastecido por outras
quatro revendedoras: Nacional Gás, Liquigás, Copagaz e Super Gás
Bras.
Do Portal Calila Notícias/Fonte:
Correio
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