
Tom Friede foi picado mais de 200 vezes por cobras de várias espécies | Foto: AP
Um grupo de cientistas desenvolveu um antídoto experimental contra venenos de cobra a partir dos anticorpos de um homem que foi picado centenas de vezes — muitas delas de forma proposital.
Tim Friede, um norte-americano que vive em Wisconsin, nos Estados Unidos, passou anos injetando em si mesmo pequenas doses de veneno de cobras altamente letais, como mambas e najas. A ideia, segundo ele, era simples: tentar desenvolver tolerância ao veneno.
Sem qualquer supervisão médica, Friede começou o experimento por conta própria, guiado pela curiosidade e pelo fascínio por serpentes e escorpiões. Ao longo dos anos, sofreu reações intensas, incluindo convulsões e febres altas — mas sobreviveu. E, involuntariamente, ajudou a ciência.
O que os cientistas fizeram:
Os resultados foram publicados na revista iScience na semana passada e, segundo os especialistas, é uma descoberta promissora.
Hoje, os antivenenos contra picadas de cobra são um desafio. Isso porque cada antídoto funciona apenas para espécies específicas de cobras — e pode não ser eficaz em diferentes regiões do mundo, onde as toxinas variam.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 110 mil pessoas morrem todos os anos por picadas de cobras. O número pode ser ainda maior, já que muitos casos ocorrem em áreas rurais sem acesso a hospitais ou notificações oficiais.
Por isso, a possibilidade de criar um antídoto universal — eficaz contra vários tipos de veneno — é considerada uma das maiores promessas da pesquisa atual.
A pesquisa, no entanto, ainda está em fase inicial e os testes foram feitos apenas em animais de laboratório. Os anticorpos identificados funcionaram apenas contra o grupo das elapídeas, e não demonstraram eficácia contra as víboras, como cascavéis e jararacas.
Mesmo assim, os cientistas acreditam que o caminho aberto com o sangue de Tim Friede pode levar, no futuro, a tratamentos mais eficazes e amplos contra picadas de cobra.
Do Portal NS/Por g1
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