Com uma festa da Barbie, Joana Ricardina completou 107 anos em maio de 2023. A baiana de Itiruçu, na região sudoeste, é uma das 5.336 pessoas com 100 anos ou mais que vivem na Bahia, estado brasileiro com o maior número de centenários, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Os dados são do Censo de 2022 e foram divulgados nesta sexta-feira (27). Os números mantêm uma tendência que existia desde o último levantamento, feito em 2010, quando a Bahia já tinha o maior número de centenários no Brasil, com 3.335 moradores de 100 anos ou mais. O aumento entre as pesquisas foi de 60%.
Com esses índices, a Bahia detém a maior proporção de idosos em relação à população geral: 0,04%. Parece pouco, mas São Paulo, segundo colocado no ranking, tem 0,01%, com 5.095 idosos.
Índices de envelhecimento
O número de centenários é reflexo do índice de envelhecimento em algumas cidades, ou seja, o número de pessoas com 65 anos em relação a um grupo de 100 crianças e adolescentes, com idades entre 0 e 14 anos.
De 2010 a 2022, Salvador teve o segundo maior aumento no índice de envelhecimento entre cidades brasileiras. Agora, o índice mais que dobrou, atingindo 66 idosos por 100 crianças.
Atualmente, dos 417 municípios baianos, cinco têm mais idosos do que crianças. São eles:
Abaíra: média de 137 idosos para cada 100 crianças;
Jussiape: média de 117 idosos para cada 100 crianças;
Jacaraci: média de 105 idosos para cada 100 crianças;
Guajeru: média de 103 idosos para cada 100 crianças;
Ibiassucê: média de 102,2 para cada 100 crianças.
Abaíra, terra da cachaça e dos velhinhos
Localizada no centro da Chapada Diamantina, Abaíra é a cidade com a maior taxa de envelhecimento na Bahia, com índice 136,99%.
A diferença é grande quando a pacata cidade da Chapada Diamantina é comparada com a capital baiana. Em Salvador, a idade média é da população é 38 anos e o índice é 66,4%, ou seja, menos da metade do registrado em Abaíra.
Além da fabricação de cachaças artesanais, o município da Chapada Diamantina também ficou conhecido por passar oito anos sem registrar homicídios. Entre janeiro de 2014 e julho de 2022, nenhum crime desse tipo ocorreu no local.
De acordo com Mariana Viveiros, supervisora de Disseminação de Informações do IBGE, a segurança pública é um dos fatores que mais interferem no aumento do índice de envelhecimento nas cidades brasileiras.
“A segurança pública, o acesso a saúde e saneamento básico são alguns dos fatores que contribuem para o aumento desse índice. Além disso, a redução do número de nascimentos nos municípios é outro dado que precisa ser levado em consideração”, afirmou.
Oeste tem piores índices de envelhecimento
De acordo com o IBGE, o menor índice de envelhecimento na Bahia é o de Luís Eduardo Magalhães, no oeste do estado. Enquanto em Abaíra a taxa é de 136%, no município ela fica em 11,85%.
Com idade média de 28 anos, a taxa está relacionada a idade do município, que foi emancipado há apenas 23 anos. O fato de não existirem idosos nascidos em Luís Eduardo Magalhães é um fator que influencia nos dados.
Ainda conforme Mariana Viveiros, as oportunidades de emprego geradas no município, um dos mais importantes do agronegócio brasileiro, causa uma concentração de pessoas mais novas.
“Esse índice tem a ver com o perfil econômico da cidade. Esses municípios que cresceram muito nos últimos anos tendem a ter essa população mais jovem, justamente por causa da migração. Os jovens costumam se mudar para esses lugares devido a oportunidades de trabalho e levam as suas famílias”, explicou.
Essa mesma realidade é notada em outras cidades do oeste baiano que estão na lista das menores taxas de envelhecimento, como Barreiras e São Desidério, com idades médias de 31 e 29 anos, respectivamente.
Do Portal NS/Por g1 BA
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