Os jornalistas Fábio Gusmão e Giampaolo Morgado Braga lançam nesta quarta-feira (14), às 19h, na Livraria da Travessa, no Shopping Leblon, na Zona Sul do Rio, o livro “Pedofilia na Igreja”, um dossiê inédito sobre casos de abusos envolvendo padres católicos no Brasil.
O trabalho de reportagem reúne 108 casos reais, em todas as regiões do país, e revela um quadro dramático, além de jogar luz sobre os abusadores de crianças e suas redes de proteção.
O resultado do trabalho que durou cerca de três anos é um minucioso retrato da pedofilia na Igreja Católica no Brasil, com membros da igreja acusados, indiciados, denunciados, condenados ou que se tornaram réus por envolvimento em abuso sexual de 148 crianças, adolescentes ou pessoas com deficiência intelectual em 96 cidades de 23 estados.
Todos os abusos descritos no livro envolvem arcebispos, bispos, monsenhores, padres, frades e, em um deles, uma freira.
O livro, porém, não se restringe ao levantamento de crimes. Os autores avançaram sobre as causas, as consequências e os desafios da própria Igreja Católica em virar uma das páginas mais tristes e chocantes de sua história.
“Algumas das histórias mais tristes foram as de pais de crianças abusadas que não acreditavam nos próprios filhos; pais tão dedicados e leais à Igreja que eram incapazes de acreditar que um padre poderia abusar de uma criança. Isso é muito prejudicial para crianças abusadas, uma dupla violação de confiança”, disse Mike Rezendes, um dos entrevistados do livro e autor da primeira série de reportagens sobre abusos de padres nos Estados Unidos.
A produção do livro “Pedofilia na Igreja” partiu dos escândalos desvendados em 2002, nos Estados Unidos, quando vários casos foram trazidos à tona pela equipe investigativa Spotlight do jornal “The Boston Globe” (que deu origem ao filme “Spotlight — Segredos revelados”). Contudo, o Brasil, maior nação católica do planeta, passou ao largo das denúcias da época.
“Nos últimos 20 anos, o problema catastrófico do abuso sexual por parte do clero na Igreja Católica foi documentado publicamente em muitos países. A impunidade da Igreja no Brasil tem se baseado em sua capacidade de controle da narrativa pública. Ao reter a verdade, bispos mantiveram o público no escuro e as vítimas à sua mercê”, disse Anne Barret Doyle, diretora da BishopAccountability.org, maior base de dados do mundo de casos de pedofilia no clero.
Entre os especialistas entrevistados para o livro estão: o advogado Mitchell Garabedian, que defendeu as vítimas de Boston; o jornalista Michael Rezendes, do “Boston Globe”; representantes de redes mundiais de apoio a vítimas de abuso por sacerdotes católicos, e de entidades que montaram bancos de dados internacionais com milhares de episódios ocorridos no mundo; o Vaticano também foi ouvido pelos autores.
Do Portal NS/Por g1 Rio
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