Foto: Divulgação / Marcelo Camargo / Agência Brasil
O presidente Jair Bolsonaro (PSL) fez provocações ao apresentador Luciano Huck dizendo para ele "parar de arrotar arrogância". Em resposta a crítica recente do apresentador, disse que se ele comprou jatinho com subsídio do BNDES, ele "faz parte do caos".
"Ele falou que eu sou o último capítulo do caos. Se ele comprou jatinho, ele faz parte do caos, ajudou naqueles empréstimos de quase meio trilhão de reais, amigo Fidel Castro, Venezuela, essa galera toda aí. E aqui no Brasil, pelo que me parece, [foram] R$ 2 bilhões para amigos comprarem jatinho", disse.
A declaração, feita na saída do Palácio da Alvorada nesta sexta-feira (16), é uma resposta à fala de Huck, que disse durante uma palestra no Espírito Santo que Bolsonaro era "o último capítulo do caos" (lembre aqui). Questionado se o apresentador seria exposto, Bolsonaro respondeu com uma pergunta: "Ele comprou jatinho?"
"Eu não faria isso [pegar empréstimo para comprar jatinho] porque eu tenho vergonha na cara, mas quem faz isso sabe que para você conseguir R$ 10 mil no banco você tem que ralar, cara, e deixar a cueca de garantia lá. Agora esses caras não deixam nada. E pagar 3% ou 4% de juros ao ano, pelo amor de Deus. É justo fazer isso aí? Se por ventura [ele] estiver lá [na lista de beneficiados], não fica arrotando honestidade aí que o bicho vai pegar."
Esta não é a primeira vez que o chefe do Executivo dirige ironias ao apresentador. Na quinta (15), durante transmissão ao vivo pelas redes sociais, ele prometeu abrir a caixa preta do BNDES e acrescentou que isso vai expor "gente que está dizendo que estamos no último capítulo do fracasso". A divulgação de dados sobre empréstimos do banco é uma obsessão do presidente desde a campanha eleitoral.
Sem explicar como será feito, Bolsonaro prometeu anunciar semana que vem o fim do sigilo dos empréstimos do banco. "Vai ser anunciado na semana que vem pelo BNDES, abrindo sigilo de tudo. Se eu não me engano, foram gastos R$ 2 bilhões na compra de jatinhos. Parece que não foi ilegal, parece, mas com taxa de juros de 3% ou 4% ao ano. E quem foi beneficiado? Amigo do Lula, da Dilma".
Em 2013, Huck usou um empréstimo de R$ 17,7 milhões do BNDES para comprar um jatinho particular da Embraer. O financiamento, do programa BNDES Finame (Financiamento de Máquinas e Equipamentos), teve como beneficiária a Brisair Serviços Técnicos e Aeronáuticos Ltda., da qual Luciano e Angelica Huck são sócios, e o Itaú como instituição financeira intermediária.
Os juros do empréstimo, datado de 29 de maio de 2013, foram de 3% ao ano, com 114 meses de amortização para o pagamento. A compra foi feita por meio do PSI (Programa de Sustentação do Investimento), que destinava-se a financiar investimentos de empresas, compra de bens de capital (máquinas e equipamentos), ações de pesquisa e desenvolvimento e exportações.
O programa oferecia juros subsidiados -ou seja, parte do empréstimo era coberta pelo Tesouro, já que a correção era inferior aos 6,75% da Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), usada até o ano passado nos empréstimos do BNDES. O Tesouro também bancava a diferença entre a Selic e a TJLP nos empréstimos via PSI. Desde o início do empréstimo para a compra do avião, a Selic foi de 10,8% ao ano em média.
A informação da compra da aeronave foi antecipada pelo blog "Tijolaço". Procurada, a assessoria de Luciano Huck diz que "o Finame é um programa do BNDES de incentivo à indústria nacional, por isso financia os aviões da Embraer". Afirma, também, que Huck usa o avião duas vezes por semana para gravar seu programa para a TV Globo. A matrícula do avião é PP-HUC. Segundo o registro na Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), a aeronave comporta oito passageiros e pertence atualmente ao Itaú, sendo a Brisair sua operadora.
Do Portal Bahia Notícias/por Talita Fernandes | Folhapress
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