Paisagens e detalhes do cotidiano de Santaluz, município localizado na região sisaleira da Bahia, capturados durante várias décadas nas lentes dos fotógrafos Ascendino Marques da Silva [in memoriam] e Itário Araújo Marques, que são pai e filho, estão na exposição fotográfica “Santaluz Histórica: um registro imagético-artístico e documental”, realizada no auditório Lindaura Carneiro de Araújo, até o dia 23 de agosto, com entrada gratuita.
A mostra foi lançada na noite desta sexta-feira (16). A mesa de abertura contou com a participação dos curadores da exposição, Maria Amélia Silva Nascimento e Manoelito Carneiro das Neves; da professora de História da Arte da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, Suzane Pepe Pinho; da professora de Língua Portuguesa e Linguística da Universidade Estadual de Feira de Santana, Huda da Silva Santiago, além de cordelistas luzenses, representante do poder público e o próprio homenageado, dialogando sobre assuntos relacionados à fotografia, arte e imagem, entre outros.
“Estabelecemos o primeiro contato com seu Itário e em seguida começamos o mapeamento do riquíssimo acervo fotográfico dele e do pai. Por falar nisso, foi um ganho enorme conhecer a memória e a trajetória de seu Ascendino, que foi um grande precursor não só da fotografia, mas também do cinema no nosso município. Foi mais uma experiência fantástica”, comemorou Maria Amélia, que coordena a quarta exposição no município desde 2015.
Editor de fotos da exposição, o fotógrafo João Garcia contou que boa parte do acervo de Ascendino Marques é composto de imagens feitas há cerca de 100 anos com negativo de vidro, que era umas das principais formas de obtenção de imagem na época, por isso, a nova tecnologia acabou sendo uma grande aliada do projeto.
“Eram imagens que só existiam em filmes de vidro. Com o uso de técnicas bastante atuais e recursos da computação gráfica, conseguimos digitalizar essas fotos e revelar no papel. Esse foi o nosso grande desafio. Também conseguimos restaurar imagens que estavam bastante danificadas por conta do tempo, sem tirar a originalidade das fotos, preservando algumas marcas que são naturais”, explica.
Dividida em uma linha de tempo, a exposição mostra desde as primeiras imagens, todas em preto e branco, capturadas por Ascendino Marques até os registros mais recentes feitos por Itário.
“A trajetória do meu pai começou muito cedo. Por volta de 1919, ele mesmo projetou e produziu artesanalmente a sua própria câmera fotográfica, se tornando o primeiro fotógrafo luzense. Visionário e sempre atento ao advento da tecnologia, ele ainda adquiriu, em 1925, um projetor cinematográfico e instalou uma sala de cinema no então arraial de Santa Luzia”, conta Itário, que nasceu em 1946, cerca de cinco anos antes da morte do seu genitor.
Apesar de ter perdido o pai muito cedo, Itário herdou o mesmo interesse pela fotografia. Aos 12 anos, adquiriu a sua primeira câmera e, aos 15, já era fotógrafo profissional e montou o seu primeiro estúdio. Na década de 1960, Itário também cursou jornalismo, especializando-se como repórter fotográfico, estagiando no antigo Jornal da Bahia, como correspondente, além de ter atuado como colaborador em revistas de grande circulação.
“Fiquei muito feliz e emocionado, principalmente, pela homenagem feita ao meu pai, depois de cem anos que ele iniciou a sua trajetória. Nos meus mais de sessenta anos de atividade, tive o privilégio de fotografar ao menos três gerações de cidadãos luzenses, e também me sinto feliz por ter sido homenageado. Exprimo o meu agradecimento eterno a todos os envolvidos nesse projeto”, afirmou Itário.
A exposição pode ser visitada até a próxima sexta-feira (23). O horário de visitação é das 8h30 às 11h, 13h30 às 16h30 e 19h30 às 21h.
Por meio da Secretaria de Educação e Cultura, a Prefeitura de Santaluz patrocina a mostra, que ainda conta com o apoio do comércio local e de diversas entidades da sociedade civil.
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