Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil |
Dilma Rousseff falou em “união” no seu primeiro discurso como presidenta reeleita. Aécio Neves, o candidato derrotado do PSDB, estendeu a mão.
Em um ponto, aliados e adversários concordavam: no novo mandato, a petista terá de ampliar os canais de diálogos com movimentos sociais, o empresariado, o Congresso. Mas bastaram dois dias para o Planalto perceber o tamanho da encrenca.
As feridas abertas durante a campanha ainda sangram. Candidato a vice de Aécio Neves, o senador Aloysio Nunes (PSDB) discursou exaltado, na terça-feira 28. Na tribuna, ele contestou a “autoridade moral” do governo para iniciar o diálogo após ser usar “canalhas” de redes sociais para espalhar boatos contra o candidato tucano. Para Nunes, Dilma demonstrou compactuar com a estratégia ao fazer insinuações sobre agressão a mulheres e consumo de drogas.
Mas não são apenas os adversários declarados que cobram a fatura da campanha. Enquanto Nunes vociferava no Senado, na Câmara o presidente da Casa, Henrique Eduardo Alves, do PMDB, maior partido de sustentação do governo, liderava a sessão que derrubou o decreto da presidenta sobre a participação de conselhos populares. O decreto era caro à petista, que elegeu a reforma política como uma das prioridades do segundo mandato.
A criação de conselhos populares é controversa. Seus defensores falam em “aprimoramento da relação do governo com a sociedade”. Os críticos dizem esta é uma prerrogativa do Legislativo e questionam os critérios para a escolha dos integrantes. A oposição fala em “bolivarianismo”.
Ao fim da votação, o presidente Alves falou em “decisão histórica” e “altivez”. A altivez, no entanto, talvez tenha outro endereço. Alves acaba de ser derrotado na disputa pelo governo de seu estado, o Rio Grande do Norte. Ele atribui a culpa pela derrota à atuação do ex-presidente Lula, que apoiou e gravou depoimento em favor de seu adversário, o governador eleito Robinson Faria (PSD). A fatura não demorou a chegar – e está longe de ser a única.
Como previsto, 2015 começou antes para a presidenta. E 2014 não acabará tão cedo.
Do Yahoo - Matheus Pichonelli
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