Ciro atualmente está no exterior, provavelmente aprimorando o inglês ou fazendo doutorado. A verdade é que, ultimamente pouco se sabe sobre o ex-parlamentar cearense, já que, após as eleições de outubro, ele se trancou no silêncio e recusou convite para assumir um ministério no Governo Dilma Rousseff e uma secretaria no governo do irmão, no Ceará.
Nos últimos anos, a história política de Ciro tem sido recheada de percalços. Depois de iniciar uma campanha meteórica para a Presidência da República, em 2002, pelo PPS, chegando, inclusive, a liderar as pesquisas, de repente comete algumas derrapadas e fica fora do segundo turno.
Logo, Ciro deixou a legenda pós-comunista para entrar no PSB, partido que tem como referência o ex-governador Miguel Arraes. Em 2006, a pedido de Lula, Ciro não disputou a Presidência para apoiar a sua reeleição. Em 2010, ele foi cozinhado pelo presidente do partido, governador Eduardo Campos (Pernambuco), sob a encomenda de Lula, em troca do apoio de toda a base à candidatura de Dilma.
Ciro teve de engolir. Apaixonado pela vontade de disputar a eleição, o irmão de Cid Gomes silenciou, viajou para os Estados Unidos e, já no final do primeiro turno, deu as primeiras declarações favoráveis à candidata do PT.
Encerrada a eleição, Ciro foi dado como ministro várias vezes pela imprensa. No final da história, nem foi para o ministério de Dilma, nem indicou alguém para o seu lugar. No máximo, foi especulado. Além da pouca vontade do Planalto, o governador Eduardo Campos, com projeto semelhante ao dele, queria vê-lo enfraquecido. Destemido, o cearense nada aceitou e resolveu ir estudar no exterior.
Sonho casado
Pois bem. Era o que os pedetistas sonhavam. “Estamos sem uma liderança nacional para puxar voto, como opção para disputar a Presidência. E Ciro seria o nome ideal. Aqui ele teria espaço e o apoio de todo o partido”, declarou um filiado da legenda em Salvador.
A noticia ainda não chegou com força na mídia nacional, mas deve ganhar densidade brevemente. Pela nota divulgada em um site simpático ao PDT, “um Ciro vem aí”, foi mais do que positivo. No exterior, o ainda socialista deve preparar sua volta ao país e romper o silêncio que se impôs desde outubro de 2010.
Eufóricos, os pedetistas avaliam que a chegada de Ciro ao partido seria mais do que bem vinda. “Já imagino ele sendo recebido pela cúpula nacional e os militantes, em Brasília. Vai faltar espaço e causar um estardalhaço na mídia”, disse Desidério Melo, membro do PDT em Salvador.
“Fiquei sabendo, mas não tem nada ainda de oficial. Vamos aguardar. Eu até que gosto dele”, disse o presidente do PDT na Bahia, Alexandre Brust.
Projeções
Caso entre mesmo no PDT Ciro terá espaço à vontade para levar adiante o seu projeto de disputar o Palácio do Planalto mais uma vez. A última vez que o partido disputou uma eleição presidencial foi com o senador Cristovam Buarque. Com o cearense, que tem um discurso mais presente nas diversas regiões e camadas sociais, abriria a possibilidade de novas alianças e conjecturas.
Uma delas seria uma aliança com o senador Aécio Neves, que cogita ser o candidato do PSDB ao Planalto em 2014 e mantém uma boa relação com Ciro Gomes. Neste caso, não estaria descartada uma aliança, até mesmo com Ciro de vice.
Ciro foi prefeito de Fortaleza, à época o mais bem avaliado do Brasil, governador do Ceará, ministro da Fazenda no governo Itamar Franco e deputado federal. No Ceará, onde quase nunca perdeu uma eleição, o seu principal trunfo foi a redução dos indicadores sociais negativos, quando foi governador, avaliado em anos seguidos como o melhor do país.
Por Evandro Matos – especial para o Interior da Bahia
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