O professor Hermes Júnior e sua esposa Iza Fernandes |
Rotineiramente e até com uma boa dose de inocência, utilizamos a expressão “EU” com muita convicção e propriedade. É como se de fato, fossemos donos absolutos de si mesmo. E esse fenômeno se dá com maior intensidade nos dias atuais, onde o culto ao “EU” tem se intensificado muito. As selfies, redes sociais, sites, têm cada vez mais dado as pessoas um "palco" para que se possa apresentar aquilo que se pensa, as viagens realizadas, saídas, baladas, o momento em família, namoro, conquistas, dentre outras situações. “O ‘EU’ é a bola da vez!” Mas quem sou eu? O que me forma enquanto Eu? Muitos ao buscarem essas respostas encontraram um belo de um "estrangeiro" no qual antes, sem a devida consciência de si, chamava de EU.
Partindo do pressuposto acima e da convicção de que ninguém é dono absoluto de nada, inclusive do “EU”, atrevo-me a reconhecer-me também nessa condição, e sendo assim, entendo que EU sou eu e um pouco de tudo que já experienciei nessa vida. E dessa forma, sou muito daquilo que aprendi com os meus pais, daquilo que aprendi da religião, sou muito daquilo que aprendi na escola, dos livros que li, dos filmes que assisti, das músicas que ouvi, das que também dancei. Sou muito das palavras que escutei, das de incentivo, das de elogios, mas também das que me feriram, das que me depreciaram. Há muito em mim das amizades, dos sorrisos partilhados, também das boas conversas e brincadeiras. Há muito em mim das brincadeiras que não gostei, das vezes em que fui excluído, das que não fui compreendido e das lágrimas que muitas vezes derramei. Sou muito dos brinquedos que tive e também daqueles que não tive. Sou muito daquilo que comi e bebi, dos esportes que pratiquei, sou muito das discussões e brigas com meus irmãos, mas também das travessuras e momentos de companheirismo que juntos vivemos. Sou muito dos banhos de chuva que tomei, das pessoas que me relacionei, daqueles que no caminho estenderam a mão e também daqueles que recolheram a mão. Sou muito das emoções vividas com o meu time de coração, dos gols, das taças levantadas, das derrotas e decepções. Sou muito dos trabalhos que tive, dos estudos realizados. Sou muito do sorriso aliviado de alguém que consegui ajudar de alguma forma, e das lágrimas que fiz alguém derramar por alguma atitude errada ou alguma omissão. Sou muito da minha profissão, das presenças e das ausências. Sou muito dos que já partiram dessa vida ou daqueles afastados pelos caminhos tomados pela vida. Sou fruto dos sins e dos nãos recebidos, dos acertos e dos erros cometidos (...)
Percebendo que a maior parte, para não dizer, praticamente tudo que forma o EU, vem de fora para dentro, do nosso encontro com o mundo exterior e as sensações e marcas que estas experiências produziram em mim, eu posso dizer que: "SOU UM POUQUINHO DE MIM."
(Hermes Júnior)
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