O goleiro Marcão, do Sergipe, fez desabafo sobre as incertezas em relação a continuidade do futebol em meio ao momento crítico pelo qual passa o Brasil com o aumento dos números negativos da Covid-19. Na noite desta terça-feira (16), a equipe sergipana acabou sendo eliminada da Copa do Brasil ao empatar em 0 a 0 com o Cuiabá, no Etelvino Mendonça, pelo jogo único do confronto da primeira fase. Ele se posicionou contra uma nova paralisação do futebol, como ocorreu em no ano passado no início da pandemia do coronavírus, em que os jogos de futebol ficaram suspensos em todo o país entre os meses de março e julho.
"É muito delicado falar isso. Quem tem um salário alto, está na primeira ou segunda divisão e recebe em dia é muito fácil falar para parar o campeonato. A gente que joga uma Série D, tiveram jogadores que no ano passado passaram fome, famílias que passaram fome, se não fosse a ajuda de outras pessoas. Eu sei que é uma situação delicada para o país, lamento pelas mortes que estão acontecendo por essa pandemia. A gente torce para que a vacina chegue logo, que possa liberar o público no estádio, mas eu não concordo com a paralisação do campeonato em si. Justamente por causa dessa situação. Tem muito jogador de time pequeno que precisa muito disso aqui. E não só jogador não, tem muita gente envolvida no futebol, que são os funcionários do clube, roupeiros, massagistas, que ganham pouco e precisam disso. Ano passado a gente passou por uma situação de quatro meses sem receber salário. Quem está em time grande ganha R$ 100, R$ 150 mil e consegue manter isso tranquilo, mas e nós? Nós que ganhamos aqui pouco mais que um salário mínimo sofremos muito mesmo", desabafou em entrevista ao SporTV. "É uma situação delicada no país, e a gente só torce e ora para que isso acabe logo. Uns vão defender, outros não vão, mas só quem está vivendo a situação em si sabe a situação que a gente passa", completou.
O Brasil registrou novo recorde de mortes pela Covid-19 com 2.798 nas últimas 24 horas. No total desde o início da pandemia até o momento 282.400 pessoas perderam a vida em decorrência da doença. Muitos estados do país tem aumentado a rigidez das medidas de combate à transmissão do vírus e em alguns deles o futebol tem sido proibido como é o caso do Campeonato Paulista que está paralisado devido ao decreto do governo estadual.
Marcão foi o principal destaque do Sergipe e responsável direto pelo placar de 0 a 0. Porém, pelo regulamento, o empate classifica o time visitante, que ocupa melhor posição no ranking da CBF.
"Eu trocaria todas as minhas defesas pelo 1 a 0. Só Deus sabe o quanto a gente está lutando. Não é fácil jogar o futebol sergipano, a gente mata um leão por dia. É um sofrimento danado. Estou muito triste, porque esse dinheiro iria cair muito bem para nós, muito mesmo. Peço desculpas ao torcedor pelo momento do time, pela não classificação, mas esse time tem muito o que dar ao longo do ano. É um clube grande, com camisa muito pesada e uma história linda aqui em Sergipe e a gente vai lutar pelo acesso. O que nos resta no campeonato nacional é o acesso", comentou.
Aos 32 anos, Marcão tem passagens pelo futebol baiano. Ele já defendeu as metas do Vitória, do Juazeiro Social Clube e do Bahia de Feira. Ele chegou ao Sergipe para a disputa da temporada 2021.
O Sergipe disputa o Campeonato Sergipano, onde lidera a tabela do Grupo A com cinco pontos, um a mais do que o Itabaiana, que vem logo atrás. O próximo compromisso do time será no dia 31 contra o Maruinense, pela sexta rodada do estadual.
Do Portal Bahia Notícias
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