Apesar dos tratamentos eficazes e das tecnologias de ponta na medicina, é difícil se manter firme após um diagnóstico de câncer de mama. Mesmo assim, Claudiana Ferreira, de Bauru (SP), conseguiu trazer uma outra perspectiva para esta fase de sua vida: além de ter feito um ensaio fotográfico após vencer a doença, ela teve a sua história contada em um documentário.
Neste sábado (19) é comemorado o Dia Internacional de Combate ao Câncer de Mama, considerado o mais incidente em mulheres de todas as regiões do Brasil, principalmente no sul e sudeste, segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca).
Claudiana, de 48 anos, recebeu a notícia em junho de 2023, quando notou um nódulo em seu seio e resolveu investigar. Foi depois de passar por dois ginecologistas e uma mastologista, e de fazer uma mamografia, um ultrassom e a biópsia que a confirmação do tumor maligno veio.
Após o diagnóstico, a servidora pública pediu apoio para uma colega de trabalho que faz parte do Grupo Amigas do Peito, uma organização sem fins lucrativos de Bauru que foi essencial durante o processo de tratamento de Claudiana.
“As Amigas do Peito dão um suporte muito grande, porque, quando você descobre o câncer, o seu chão abre. Você associa o câncer à morte, não ao tratamento e à vida. Elas existem para te ajudar a passar por esse problema.”
Criada em 2003, a associação tem sua sede estabelecida na Vila Mesquita e oferece apoio, atendimentos, fisioterapia, auxílio psicológico e cursos de artesanato no geral. Além disso, doa lenços, próteses mamárias e sutiãs adaptados para mulheres diagnosticadas recentemente com a doença, principalmente do público de baixa renda.
Memórias do processo
A ideia de fazer o ensaio fotográfico surgiu da vontade de Claudiana de registrar o momento e mostrar que, apesar das dificuldades do tratamento, das sofridas sessões de quimioterapia e da retirada da mama, ela conseguiu ser feliz.
“Não é porque você está sem uma mama e sem cabelo que você deixa de ser sensual. É claro que cada um é cada um, mas eu queria mostrar esse lado, que eu estou viva, que existe um tratamento.”
A última sessão de quimioterapia foi feita em 8 de março deste ano, Dia Internacional da Mulher. A data foi comemorada em dobro pela bauruense, que, atualmente, já está livre da doença e retornando gradualmente à rotina.
Claudiana ressalta que, quanto mais cedo o diagnóstico é feito, maiores são as chances de cura para a doença. Por isso, é essencial fazer anualmente os exames de mamografia e ultrassom, além do autoexame.
“Você acreditando que tudo vai dar certo e colocando Deus em primeiro lugar, não tem doença que te pare, assim como não me parou. Se toque, se cuide e se valorize”, completa.
‘A Outra Eu’
Foi por meio da entidade de Bauru que cinco alunos de jornalismo da Unesp conheceram Claudiana e se encantaram por sua história.
Samara Meneses Brito, uma das diretoras do documentário, conta que a ideia inicial do trabalho para a disciplina de audiovisual era retratar alguma questão social de Bauru. Por isso, o grupo escolheu a ONG.
“Lembro que ela falou sobre o ensaio fotográfico que havia feito, dizendo: ‘Uma mulher pode ser sensual sem um seio. Não tenho que perder minha sensualidade por causa da minha doença’. Naquele momento, pensei: ‘Precisamos incluir essa mulher no nosso documentário’. E, assim, Claudiana se tornou nossa personagem principal.”
A servidora ficou lisonjeada com o convite e, em uma tarde de gravações, nasceu o documentário “A Outra Eu”, que reuniu não apenas o diagnóstico da bauruense, mas também seus gostos pessoais, o relato de seu marido e como o câncer foi um capítulo de sua história.
“Mencionamos a doença, mas a tratamos como um evento na vida da Claudiana, explorando as complexidades da sua história”, ressalta Samara. O documentário completo pode ser assistido na íntegra aqui.
“É gratificante poder contar a minha história. No dia da exibição, eu fiz questão de ir. Fomos eu, meus dois filhos, minha nora… Todos prestigiamos. Foi muito bacana”, finaliza a servidora pública.
Do Portal NS/Por g1 Bauru e Marília
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