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Ao anunciar, em breve, seus nomes para a Fazenda (provavelmente Joaquim Levy) e Planejamento (possivelmente Nelson Barbosa), a presidente Dilma começa a atacar os problemas de seu futuro mandato, sendo a economia o principal deles, ao lado de Petrobras. Na economia, o governo dispõe de iniciativa e controle sobre a “agenda”; já no que diz respeito ao escândalo na estatal, está entregue ao imponderável.
Fundamentalmente um novo ministro da Fazenda identificado com o “mercado”, como é o caso de Levy, será uma espécie de avalista de governo. Uma prova de que a gestão econômica vai enfim “colocar a casa em ordem”, ou seja, e de forma sumária, manter a gestão da dívida pública para que esta não se torne impagável (que é quando um país quebra, sempre lembrando que o Brasil paga anualmente de juros o equivalente ao orçamento de 10 programas Bolsa Família). De forma torta, a “arrumação” deve começar em breve com o Congresso aprovando a revisão do superávit primário, sem o qual o governo não fecha suas contas e com ele os governos estaduais e o país – o tipo da coisa que não interessa a ninguém (bancadas no Congresso, bancos, empresas).
Seja como for, a escolha de Levy, se confirmada, oferece ao mercado tudo aquilo que a oposição reclamava na eleição: “transparência”, “credibilidade”, “responsabilidade fiscal” e tudo o mais. De “anti-Dilma” durante a campanha eleitoral, agora o “mercado” aguarda com “boa expectativa” o anúncio do futuro ministro.
Já Dilma, assim como fez Lula no passado, prepara as medidas do “ajuste” (menos gastos governamentais, mais dinheiro para pagar juros), enquanto o PT encena alguma contrariedade. Na verdade a suposta contrariedade do PT, ou de segmentos do PT, ganha ares de jogo de cena, pois desde 2002, quando Lula assinou a Carta ao Povo Brasileiro, o partido se comprometeu com o respeito a todos os contratos vigentes com os grandes credores do País. Lula, quando assumiu em 2003 aumentou o superávit primário – e depois virou “o cara”; Dilma, em 2011 comandou cortes de gastos na ordem de 1,2% do PIB.
No caso de Lula, após o “ajuste” o país cresceu, largamente favorecido pelo aumento de preços das matérias-primas que exportamos para a China, como soja e minério de ferro (as chamadas commodities). Não só isso: Lula soube aproveitar a conjuntura favorável para fazer internamente uma política de aumento de renda, em especial dos mais pobres. Lula operou uma espécie de milagre: os ricos ficaram mais ricos e os pobres, menos pobres.
Agora o quadro é outro. Sob Dilma o país cresceu a uma média de apenas 1,8% ao ano. Os preços das matérias primas caíram. Há quem fale que o país se desindustrializou nos últimos anos. De forma que fica incômoda a pergunta: e depois do ajuste? Qual a agenda de Dilma? Continuar a “mudar” o país, sua principal promessa eleitoral, com base em que exatamente?
O problema não parece ser o ajuste em si – PSDB o fez, PT o fez e fará, mas o que virá depois dele. Este “depois” é o que Dilma vendeu aos eleitores na TV durante a campanha eleitoral, basicamente um país menos desigual. Na narrativa governista durante a eleição o capítulo do “ajuste”, porém, foi omitido.
Do Yahoo - Por Rogério Jordão | Rogério Jordão
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