Durante cerimônia de assinatura de novas autorizações para o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) do Subúrbio, nesta segunda-feira (21), no Terminal da Calçada, em Salvador, o ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT), fez duras críticas ao desempenho da capital baiana nos índices de alfabetização infantil. Segundo dados recentes do Ministério da Educação (MEC), Salvador tem o pior desempenho entre todas as capitais do país: apenas 36,75% das crianças conseguem ler e escrever adequadamente ao final do segundo ano do ensino fundamental.
“É lamentável que Salvador esteja na última colocação. Só 36% das crianças conseguem ler e escrever bem até o segundo ano, enquanto Fortaleza atinge 80%. Isso é inaceitável”, declarou o ministro, ao lamentar os números da capital baiana. Costa também enfatizou que “a educação é uma escada” e que a alfabetização precoce é essencial para o progresso escolar das crianças.
O que Rui Costa não mencionou, no entanto, é que o problema da alfabetização não se restringe à capital — ele é ainda mais alarmante no estado da Bahia como um todo, que também ocupa a última posição no ranking nacional. Segundo os mesmos dados do MEC, apenas 36% das crianças baianas estavam alfabetizadas até os 7 anos em 2024, número muito abaixo da meta nacional de 60% estabelecida pelo próprio governo federal.
A omissão do ministro em relação aos indicadores estaduais expõe um viés político evidente. Ao concentrar críticas apenas à gestão municipal de Salvador, Rui Costa evita apontar falhas estruturais da Bahia, que tem sido governada há quase duas décadas por seu próprio partido, o PT. A crítica seletiva contrasta com o silêncio sobre os resultados desastrosos de um sistema educacional que seu grupo político teve tempo mais que suficiente para reformar.
Enquanto estados como Ceará, Goiás, Minas Gerais e Espírito Santo conseguiram atingir ou superar as metas de alfabetização, a Bahia se mantém na lanterna nacional. Especialistas apontam que, além da baixa taxa de alfabetização, o estado sofre com a má gestão de recursos, falta de investimentos estruturais e políticas públicas que priorizam propaganda e autopromoção em vez de mudanças concretas na base da educação.
Ao se calar diante dessa realidade, Rui Costa desperdiça a oportunidade de demonstrar coerência e compromisso real com a educação. A indignação seletiva, neste caso, parece mais uma jogada política do que uma preocupação genuína com o futuro das crianças baianas.
Do Portal Ailton Pimentel/Rui e Jerônimo – Foto: Internet

Nenhum comentário:
Postar um comentário