Temos muito a comemorar em Serrinha? Na minha opinião, não! Pois do ponto de vista político estamos anos-luz de uma evolução! Vou fazer uma pergunta só para você negro: em quantos negros você votou nestas eleições? E em quantos negros você já votou além do nível municipal, também estadual e federal? E olhe que eu não estou falando aqui para um ou dois negros, não. São milhares de pessoas que são desta raça e precisam valorizar, e muito, a sua cor.
Osni é branco, Gika também, Adriano e Paula nem se fala. Agora vamos para os vereadores eleitos: Edylene, Rogério, Gerinaldo, Fernando da Bela Vista, Zé Trabuco, Cássio da Educação, Rege do Ferro Velho, Fernando Sena, Deca e Rose são negros? Não! Negro mesmo que nós vemos na cor só Kaliptchô do PRB. Reis tem traços negros, assim como Helena, Flávio e Alex da Saúde.
Então, entendemos que antes da Consciência Negra tão propagada é preciso ter 'Consciência Política' que é por onde permeia tudo. As leis que são aprovadas ainda que os projetos saiam dos movimentos sociais onde os negros estão envolvidos necessitam da aprovação pelos legisladores. E se estes forem filhos da burguesia branca, quantas leis serão aprovadas para beneficiar os negros?
Kaliptchô é um negro, pobre, protestante. Mas quantos negros pobres foram candidatos? E os que saíram candidatos, quais foram as suas votações? Quantos por cento do eleitorado de Kaliptchô foram negros?
Você negro, pobre já se deu conta que você é o primeiro preconceituoso? Se você mesmo diz em alto e bom som que não vota em um pobre! Olha para seu irmão de cor e é capaz de falar: o que é que este negro quer? Por quê ele não fica quieto no canto dele? Onde é que vai consegui ser eleito!
Andamos 64 quilômetros e chegamos em Feira de Santana, aí vemos Jhonatas Monteiro, do PSOL ter 27.317 votos, superando o atual prefeito Tarcízio Pimenta da elite branca. Andamos mais 112 quilômetros e chegamos em Salvador e vemos a diferença, onde o negro sabe valorizar mais a sua cor e a sua raça, eleger negros, dar boas votações aos negros sem discriminar se ele é negro ou pobre.
Precisamos quebrar esta tradição burra que ver o negro, pobre como classe inferior e o burguês, branco como sendo classe superior, dominante. Chega de ver a política como sendo dominada por família a, b ou c, porque muitas vezes estas famílias são de corruptos, com os nomes manchados e a sua família é pobre, mas é limpa, é digna.
Não dá para imaginar que dia da Consciência Negra é apenas para formar roda de capoeira, vender acarajé, vender feijoada, realizar desfile com negros e negras, cantar reggae. Quem está à frente dos movimentos precisa entender que é necessário discutir a verdadeira política entre o seu grupo para eles entenderem que não precisamos receber as migalhas do bolo que cai da mesa do branco depois que o branco desocupa a mesa e, sim, sentar na mesma mesa e comer também a sua fatia de bolo que lhe é por direito. Mas para isto é preciso a verdadeira consciência! Chega de ter que recorrer a cotas em universidades e concursos. Precisamos de ensino de qualidade nas escolas públicas para se concorrer de igual para igual.
Sei que esta crônica pode ter incomodado muitos brancos/burgueses e, também, muitos negros, mas sei também que ela vai servir para refletir e despertar a consciência adormecida destes gigantes. E que tenhamos dias melhores para Serrinha e que todos sejam de Consciência negra, parda, branca, amarela...
Esperamos que ninguém a tome por ofensa e, sim, que reflita muito nestas palavras, pois o intuito da escrita foi este!
Por Cival Anjos
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