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terça-feira, 30 de maio de 2023

Presidente do Uruguai diz que ficou ‘surpreso’ com fala de Lula sobre ‘narrativas’ contra Venezuela

Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, durante encontro com o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva | Foto: Ricardo Stuckert/PR

O presidente do Uruguai, Luis Lacalle Pou, disse nesta terça-feira (30), durante a reunião com os presidentes de 11 países da América do Sul, que ficou “surpreso” com a fala do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre “narrativas” contra a Venezuela.

“Devo dizer que fiquei surpreso quando se falou que o que acontece na Venezuela é uma narrativa. Já se sabe o que nós pensamos da Venezuela e do governo da Venezuela. Se há tantos grupos no mundo que tentam intermediar para que a democracia seja plena na Venezuela, para que se respeitem os direitos humanos, o pior que podemos fazer é tapar o sol com o dedo. Coloquemos o nome que tem, e vamos ajudá-los”, disse o presidente do Uruguai.

Na segunda-feira, durante conferência de imprensa ao lado de Maduro, a quem recebeu para uma reunião bilateral, Lula afirmou que havia se construído uma “narrativa de antidemocracia a autoritarismo” contra a Venezuela.

“Se eu quiser vencer uma batalha, eu preciso construir uma narrativa para destruir o meu potencial inimigo. Você sabe a narrativa que se construiu contra a Venezuela, de antidemocracia e do autoritarismo”, declarou o presidente do Brasil. “Está nas suas mãos, companheiro, construir a sua narrativa e virar esse jogo para que a gente possa vencer definitivamente e a Venezuela volte a ser um país soberano, onde somente o seu povo, através de votação livre, diga quem é que vai governar aquele país.”

Ao receber o presidente venezuelano no Itamaraty para um almoço, Lula perguntou aos jornalistas que os esperavam: “Quantas vezes vocês ouviram que Maduro é um homem mau?”, ao que o venezuelano respondeu: “Muitas e muitas vezes.”

Em seu discurso nesta terça, Pou também afirmou que o Uruguai enviou uma representação diplomática à Venezuela porque sua afinidade é com o povo venezuelano e não com governos.

“Até pouco tempo não tínhamos embaixador na Venezuela e nós nomeamos um embaixador na Venezuela, como temos em Cuba e em tantos outros lugares, porque nossa afinidade é com o povo venezuelano e não nos compete eleger o governo, mas temos sim a possibilidade de opinar”, declarou.

O presidente uruguaio disse ainda não ser à favor de criar novos mecanismos multilaterais para organizar a integração dos países sul-americanos.

Segundo Pou, esses grupos acabam se transformando em “grupos ideológicos” que ficam sujeitos aos interesses políticos do governo que está à frente de cada país no momento.

Para o presidente do Uruguai, seria mais interessante utilizar as ferramentas das organizações já existentes.

Presidente do Chile diz que viu o horror dos venezuelanos e que não é narrativa

O presidente chileno, Gabriel Boric, afirmou em uma entrevista coletiva que a situação na Venezuela não é uma narrativa, mas, sim “real e sério”.

“Expresso, respeitosamente, que tenho uma discrepância com o que disse o senhor presidente Lula, no sentido de que a situação dos direitos humanos na Venezuela foi uma construção narrativa, não é uma construção narrativa, é uma realidade, é grave e tive a oportunidade de ver, vi o horror dos venezuelanos. Essa questão exige uma posição firme”, afirmou.

Boric disse que está contente que a Venezuela volte a instâncias multilaterais porque acredita que nesses espaços é onde os problemas se resolvem. “Isso, porém, não pode significar fazer vista grossa às questões que são importantes para nós desde o início”, disse.

Do Portal NS/Por g1 e TV Globo


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