O carteiro João Lopes da Cunha Santos, 38 anos, casado, pai de um filho, natural de Conceição do Coité e residente na cidade de Valente, não é nenhuma unanimidade quando o assunto é sacrifício e dedicação para alcançar o sonho, mas sua luta até conquistar o dificil exame da Ordem dos Advogados do Brasil – OAB, pode ser considerado um dos maiores sacrifícios.
João Lopes disse ao Calila Noticias que ensinou matemática em Valente, antes de passar no concurso dos Correios, tendo iniciado o trabalho de carteiro em Coité no dia 15 de setembro de 2010. No inicio de 2011, ingressou no curso de Direito na Faculdade Anísio Teixeira (FAT) de Feira de Santana, começando ali o grande sacrifício em busca do sonho.
Contou que passou a dormir apenas quatro horas por dia, já que precisava se desdobrar levantando às 06h em Valente de segunda a sexta-feira, pegar sua motocicleta e seguir até Coité distante 27 km, cumprir sua obrigação de carteiro até às 16h, ir para casa de parente tomar banho, pois, a jornada diária ainda estava pela metade, tendo no máximo meia para se arrumar e pegar o ônibus com destino a Feira de Santana (100 km). Após a aula, pegar o ônibus de retorno a Coité, cerca de uma hora e meia de viagem, chegando por volta 01h da madrugada, mas João tinha que pegar sua moto com chuva ou sem chuva, com destino a Valente onde estava sendo aguardado pela esposa e o filho.
João garante que essa foi apenas um parte do sacrifício, pois, o mais complicado era encontrar o espaço de tempo para estudar.”Praticamente tirava para estudar mesmo nos finais de semana, era complicado pra mim, a família cobrava, os amigos cobravam e não entendiam porque eu não podia abrir mão daqueles momentos de folga do trabalho para estudar, eu também entendia as cobranças, mas não podia ser diferente. Pela vida profissional e de estudante eu sai da zona de conforto e social por cinco anos e meio mais ou menos, pra ter uma vitória, agora vou ter minha vida social,” comemora.
O professor de ensino médio de Valente, carteiro de Coité, João Lopes se formou em Bacharel de Direito no mês de março deste ano, mas segundo ele não bastava, para atuar como advogado precisava da OAB e foi a luta, conta que precisou de mais renuncia, “na primeira fase encarei 17 disciplinas, com oitenta questões e precisava acertar no mínimo quarenta, e eu acertei quarenta e duas. Já na segunda fase uma prova toda aberta, muito complicada, mas graça a Deus também superei e no dia 21 de junho saiu o resultado com meu nome entre os aprovados”, falou com os olhos lacrimejados.
João disse que espera que essa reportagem possa inspirar outras pessoas que sonham em alcançar um objetivo, segundo ele usou de boas estratégias para ficar por dentro dos assuntos, uma dessas quando teve a ideia de levar um gravador para a aula, “colocava sobre a mesa do professor, porque eu sabia que não conseguia me concentrar por conta do cansaço e com as explicações gravadas, quando estava no ônibus passava a ouvir e mesmo cochilando não queria perder a oportunidade de aprender o que foi passado naquela aula.No dia seguinte, enquanto fazia meu trabalho de carteiro estava com o fone no ouvido e as pessoas brincavam comigo dizendo que eu estava só ouvindo uma musiquinha, mas não, era a aula gravada na noite anterior”, afirmou.
João perdeu a mãe entre a primeira e a segunda fase da prova da OAB
João bastante emocionado disse que se formar e passar na prova da OAB foi questão de honra, pois no intervalo da primeira para a segunda fase sua mãe Terezinha da Cunha Guimarães morreu no dia 13 de dezembro de 2015, aos 69 anos.”Aí pensei, como eu ia ser aprovado? Orei ao senhor dizendo ‘me sustenta com as tuas mãos, tem misericórdia, honra as orações de minha mãe, pois ela orou muito por mim. E ele me concedeu essa dádiva.
O novo advogado disse que perdeu seu pai quando tinha seis anos de idade, a avó aos dez e que só tinha sua mãe que considerava a fonte de inspiração.”Dedico essa conquista a ela primeiramente, a minha esposa Gésica, ao meu filho João Gabriel e meu irmão Raul Wendell”.
Ao se referir ao irmão o qual oferece a conquista de alcançar o bacharelado, João Lopes, está fala do irmão por parte de pai e mãe, pois, informações extraoficiais dão conta que ele tem aproximadamente 40 irmãos pela parte do saudoso pai João Ramiro dos Santos, conhecido popularmente por “João da Pinda”, pessoa bastante conhecida em Conceição do Coité . Ele disse que tem um carinho muito grande por todos e aproveita para agradecer o apoio recebido por parte deles.
João Lopes já foi assunto aqui mesmo no Calila, quando em pleno serviço de carteiro mantinha no alimentos para cães e gatos, e o titulo da matéria foi: Carteiro coiteense usa estratégia para não ser odiado por cachorros (relembre)
Redação CN
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