Eu tenho uma frase que pode simbolizar este momento que vive a apresentação no rádio brasileiro: “Foi o tempo em que era por seleção. Hoje é para quem leva mais propaganda (nem sempre paga) e por indicação”.
A partir dessa prática em que o “dinheiro”, a bajulação e a falta de formação e não se privilegiam a qualidade, a capacitação ou aptidão, que podem se resumir na palavra “talento”, dom essencial para exercer a função de “locutor”, uma das atividades principais da radiodifusão, tudo piorou.
O que assistimos hoje são “pseudo-locutores” que não têm voz, dicção e muitos menos locução agredirem os tímpanos de baianos e brasileiros.
Não têm harmonia, melodia e ritmo na locução. São fanhosos, afônicos e quase deficientes vocálicos.
Quase todos se acham “humoristas ou cômicos” e brincam com coisas sérias como se o momento fosse adequado. Adequado apenas para ele. Nem mesmo para os colegas de estúdio e muito menos para o público, ouvintes hoje totalmente desrespeitados.
É trabalho sequer amador, pois estaríamos agredindo aqueles que não vivem da atividade do rádio. Participam sem necessariamente receber nenhum real. Por amor, apenas.
Outra situação vexatória é o assassinato da gramática.
Parece ser dispensável conhecer o português. Saber concordância, conhecer pronúncia e interpretação tornou-se um vírus idêntico ao Ebola, com desculpas às vitimas da moléstia, principalmente na África.
As “falcudades” não formam locutores e muito menos apresentadores. Eles diplomam sem conhecer do “dia-a-dia” da comunicação. Eles são ‘academicistas”, alguns frustrados por não se firmarem no mercado de trabalho do rádio e da televisão.
Ouvir alguns apresentadores de programas informativos ou noticiosos é verdadeiro desprazer, provoca náuseas e faz abandonar o grande público que o rádio perde a cada dia, acima de tudo pela falta de qualidade.
No campo esportivo, inventou-se que “ex-jogadores” podem ser comentaristas. Alguns até podem. A maioria é muito pior do que os erros que comentaram ao longo da carreira de jogador de futebol. Muitos são horrorosos, “inaudíveis” e denigrem a profissão de Radialista.
Como hoje tudo é por dinheiro, não acredito em mudança – pra melhor claro – sequer na próxima década.
A culpa não está apenas nos proprietários de rádios e TV, mas também de alguns profissionais.
Não venham me dizer que não se acha qualidade no mercado. Faltam selecionadores de talento, não de “dá renda”.
Por Yancey Cerqueira
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