quinta-feira, 23 de junho de 2022

Cachoeira: PF interrompe produção de licor Roque Pinto e Arraiá do Quiabo; entenda

Cachoeira: PF interrompe produção de licor Roque Pinto e Arraiá do Quiabo; entenda
Foto: Arquivo Pessoal

A produção nas fábricas de licor ‘Roque Pinto’ e ‘Arraia do Quiabo’, duas das mais tradicionais empresas do ramo, foram paralisadas após uma operação da Polícia Federal , em conjunto com o Serviço de Inspeção de Produtos de Origem Vegetal (SIPOV), interditar o espaço de produção das bebidas, localizada em Cachoeira, no Recôncavo baiano, na terça-feira (21).

 

Com a paralisação, mais de 140 funcionários estão sem trabalhar. A Associação dos Produtores de Licor de Cachoeira, que representa os produtores da bebida, está preocupada com a situação e teme que os impactos da medida afetem a fabricação do próximo ano.

 

“O nosso processo de fabricação começa de um ano para o outro, porque além da gente usar a fruta da região, as frutas da época, nós armazenamos ela para que no ano seguinte a gente consuma o licor. Por exemplo, o licor de jenipapo, ele tem que ser consumido entre seis meses e um ano. Então a gente armazena isso para o ano seguinte", explicou para ao G1, o vice-presidente da associação, Roseval Pinto.

 

"Com essa paralisação, com os lacres do nosso maquinário, a gente ficou impossibilitado de fazer isso. Quanto mais depressa possível isso for liberado, para que a gente possa produzir para o ano que vem, melhor. Porque o nosso impacto não vai ser hoje, agora, vai ser a longo prazo”, acrescentou.

 

Roseval afirma que os fiscais estiveram na fábrica no dia 30 de junho do ano passado e, na época, pediram a mudança do banheiro, além de terem solicitado reforma no depósito de açúcar e nas áreas para trabalhar com frutas. Obras que, segundo o empresário, foram feitas.

 

O chefe do SIPOV BA, Sérgio Mariano, afirmou que a Prefeitura de Cachoeiro e a Vigilância Sanitária municipal pediram um prazo inexistente para adequação das fábricas: “Pediram um prazo que não existe, não cumpriram com o que foi determinado. Cumprimos a obrigação, estamos preservando a saúde pública”.

 

Em nota, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) afirmou que a ação com a Polícia Federal teve o objetivo de evitar o risco à saúde do consumidor. O processo aconteceu após denúncias de irregularidades na produção e comércio de bebidas alcoólicas por mistura na região. Além disso, as fábricas não detinham registro para a produção de bebidas alcoólicas.

 

Auditores fiscais federais agropecuários constataram que os estabelecimentos tinham infraestruturas inadequadas, bebidas fora dos padrões de identidades e qualidade, rotulagem em desconformidade com as normas estabelecidas e do uso de matérias-primas sem procedência.

 

Ainda de acordo com o Mapa, durante ação de fiscalização nas fábricas em 2021, foram coletadas 10 amostras de licores clandestinos variados. Após as análises realizadas pelos Laboratórios Federais de Defesa Agropecuária (LFDA), seis dessas acusaram algum tipo de não conformidade como a presença de metanol (composto orgânico da família dos álcoois que é tóxico e pode causar danos à saúde humana) acima dos limites determinados pela legislação brasileira.

 

Conforme o órgão, os valores encontrados eram quase o triplo da quantidade máxima permitida. Também foi encontrado a presença de corantes como Amarelo Tartrazina e Amarelo Crepúsculo, substâncias com potencial alergênico.

 

Os fiscais relataram ainda grau alcoólico abaixo do limite mínimo determinado para os produtos e teor de ácido sórbico acima do limite máximo permitido.


Do Portal Bahia Notícias

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